A professora Marta Fatorri está de volta ao primeiro escalão do Poder Executivo de Caxias do Sul. Ela comanda a pasta da Educação na segunda gestão de Adiló Didomenico (PSDB), que tem como vice-prefeito Edson Néspolo (União Brasil).
Marta tem longa trajetória em sala de aula. Com formação em licenciatura plena na área de ciências/Química, é pós-graduada em Gestão e Organização Escolar, Administração e Supervisão. Atuou por mais de 30 anos entre docência, direção de escolas, liderou a Coordenadoria Regional de Educação (4°CRE) no governo Yeda Crusius e foi diretora administrativa da Secretaria Municipal da Saúde nos governos municipais de José Ivo Sartori e Alceu Barbosa Velho.
Na manhã deste sábado (18), Marta participou do programa Gaúcha Hoje, da Rádio Gaúcha Serra, para falar sobre como será sua atuação no segundo governo de Adiló, que agora conta com Edson Néspolo (União Brasil) como vice, e quais devem ser as suas prioridades. Confira a seguir:
O que a levou a aceitar o convite e voltar a trabalhar como secretária da Educação de Caxias do Sul?
A minha trajetória foi desde sala de aula, direções de escolas, Coordenadoria Regional de Educação, a diretora administrativa da Secretaria da Saúde. Quando a gente conversa com as redes, a gente vê como é importante a gente estar atribuindo a educação às redes, seja social, seja da saúde. Neste momento eu agradeço muito a oportunidade que o prefeito Adiló e o vice Néspolo me deram para poder contribuir mais um tempo e, principalmente, na educação, que é a minha função. Quero acertar neste momento, junto com toda essa rede maravilhosa, de mais de 3 mil professores e 47 mil alunos, em projeto bem arrojado aí do nosso prefeito, para estar realmente contribuindo para a educação.
Quais vão ser as suas prioridades à frente agora da Secretaria Municipal da Educação?
A primeira situação que eu posso colocar é ofertar ensino de qualidade. E como se faz isso? Se faz com gestão. Então nós vamos aprimorar, conversando e ouvindo a rede, estando bem perto também das famílias, para nós projetarmos o que realmente é necessário neste momento para que a educação tenha um objetivo comum, que é o acesso à permanência e o sucesso. Agora, para se ter isso, nós precisamos de qualidade, precisamos de equidade. E a equidade só se faz com as redes, tanto social como da saúde, para que esse aluno não se perca no meio do caminho. Então, para isso, nós precisamos fortalecer os professores, dar condições de trabalho, apoio, para que ele desenvolva o seu trabalho de forma qualificada. Tanto é que nós vamos vamos apoiar o núcleo de apoio aos profissionais, com uma escuta qualificada, isso é muito importante. Não podemos esquecer que nós saímos de um período pandêmico, onde ficamos fora da sala de aula por um tempo bastante significativo, até porque o nosso país foi o último a retornar às salas de aula, e enfrentaram muitos desafios, tanto os professores, como equipe gestora e como os alunos e as famílias. Então, isso tudo tem que ser olhado, qual é a defasagem que ficou, isso é muito importante.
Há esse mapeamento do impacto da pandemia nas crianças que estavam ali no primeiro, no segundo ano, em 2020 e 2021? E é possível fazer um trabalho em cima dessa geração?
Nós já temos praticamente mapeado isso com a nossa equipe do pedagógico, que é altamente qualificada. Nós temos que buscar situações para estar atendendo, através das formações continuadas, atingir esse déficit e temos como fazer isso, sim. Nós vamos fazer a qualificação do processo de alfabetização, com a continuidade da formação continuada dos professores e nós temos que aproximar muitos pais disso. Vamos implantar a "Escola dos Pais", trazendo a proximidade das famílias com a escola e a comunidade. Outra situação também que nós vamos atacar é o acesso das crianças de 0 a cinco anos, da Educação Infantil, criando 32 escolas de Educação Infantil, e está no projeto do prefeito Adiló, através das PPPs. Então, com isso, nós vamos ampliar o acesso e dar esse apoio, que realmente que necessita de 0 a cinco anos, e dar a continuidade nos demais anos do Ensino Fundamental.
Como é que vai funcionar essa "Escola dos Pais", como que também já está sendo desenhado esse projeto?
Nós estamos elaborando e pensando por regiões. Então vai ser um convite a esses pais para estarmos ouvindo, qualificando e tendo uma escuta para a gente projetar quais são as necessidades desta proximidade. Outro projeto que nós estamos elaborando é da Educação de Jovens e Adultos a nível municipal. Com certeza será em parceria com o estadual e daremos uma nova visão de atendimento para esses alunos que não conseguiram atingir na idade certa a continuidade dos seus estudos.
Em 2025 vai ser possível ampliar vagas de Educação Infantil? Como a senhora está pensando essa etapa do ensino, principalmente naqueles anos bem iniciais que são o maior gargalo?
A gente vai atender dentro da possibilidade, através das parcerias que nós temos nas escolas infantis. Então nós vamos aos poucos, é um projeto de médio prazo. Não podemos afirmar que vamos atender logo mais para 2025, nós vamos atender dentro das escolas que nós temos conveniadas, e, na medida do possível, avançando para essas PPPs.
Hoje como que está a fila de espera para matrícula tanto na Educação Infantil como no Ensino Fundamental em Caxias do Sul?
Nós temos fila de espera de 0 a três anos, estamos tentando colocar os alunos de quatro e cinco dentro da nossa rede e também das conveniadas, dentro da obrigatoriedade. E claro, aluno do 1º aos 9º anos, a gente tem colocado todos no atendimento. Não sempre naquela escola do lado de casa, nós temos todo um processo de zoneamento na central de matrículas para atender aos pedidos, às vezes os pais querem ao lado de casa, mas nem sempre dá. A gente fica ali na lista de espera, matricula seu filho, nem que seja a 400 metros da sua casa, mas em seguida, abrindo a vaga, pode estar acessando a escola bem mais próxima.
Avançou o debate sobre passar alguns anos do ensino - prioritariamente 7º, 8º e 9º ano - para o Estado? Isso pode acontecer já em 2025?
Pode acontecer, sim. Já houve uma conversa com a Coordenadoria Regional de Educação, para nós vermos onde tem a maior demanda. Não é em todas as regiões, para que o Estado, na medida do possível, absorva as séries finais do Ensino Fundamental, para que a gente possa então abrir espaços para séries iniciais.
Como que a Secretaria da Educação busca trabalhar a tecnologia com os estudantes, principalmente do Ensino Fundamental?
Nós temos um projeto de apoio às tecnologias para os professores, onde capacita os professores para essa área de TI. As escolas estão supridas de muitos equipamentos e os professores têm horários para atender nessa área da tecnologia os nossos alunos. Nós vamos implantar o sistema de gestão para que a gente possa estar muito próximo dos resultados, e também a área de internet mais rápida nas escolas. Nós temos todo um projeto aí que está em andamento para dar acesso ao digital na rede escolar.