Ele não defende, não faz gol, sequer entra em campo. Mas é um dos principais responsáveis por oportunizar muitos atletas de vestirem a camisa do Juventude. Aos 46 anos, o diretor-executivo Júlio Rondinelli curte os louros de sua trajetória no futebol.
— Eu completei 100 jogos na última rodada do Campeonato Brasileiro, e com um aproveitamento de 50%. Você manter um aproveitamento de 50% em uma equipe, em um clube igual ao Juventude, que tem as suas limitações, mas ao mesmo tempo é um clube que tem uma energia fantástica, da torcida, da comunidade, faz com que a gente tenha a ambição de conquistar um pouco mais no ano de 2025 — projetou o dirigente durante entrevista ao Show dos Esportes, da Gaúcha Serra.
Infância e trajetória
Natural de Diadema-SP, o profissional acumula bons trabalhos em clubes como a Penapolense, onde foi campeão da Série A-3 do Paulistão, no Oswaldo Cruz, com a conquista da A-2, no Avaí, com o título catarinense de 2012.
Mas é bem verdade que o torcedor brasileiro conheceu mais de perto o trabalho de Rondinelli em 2023, quando no modesto Água Santa, o dirigente foi responsável por montar a equipe que Thiago Carpini conduziria ao vice-campeonato paulista.
Pouco tempo depois, em maio, os dois estavam juntos no Alfredo Jaconi recomeçando um trabalho de sucesso e que deu ao Verdão o vice-campeonato brasileiro da Série B. Rondinelli chegou antes, em abril, e trouxe o treinador do Água Santa para substituir Pintado, quando o clube amargava a vice-lanterna da competição.
Homem de bons relacionamentos, Júlio era perspicaz desde os tempo do colegial.
— Sempre fui um bom aluno, nunca reprovei, concluí a faculdade de Direito com 22 anos. Eu acho que eu era um bom aluno, esforçado, não era da turma da frente, não era da turma do fundão. Eu migrava nas duas turmas ali Eu era fã de matemática — apontou, antes de completar:
— Jogava futebol de salão em todas as quadras da região, mas nunca tive o destaque necessário para seguir firme. Então, o futebol para mim sempre foi a diversão, mas ao mesmo tempo a paixão. E através dessa paixão fez com que eu começasse a estudar futebol. Com 14 anos, comecei a trabalhar numa empresa de náutica, em São Paulo. Eu digo até hoje que fiz duas coisas na vida, sou apaixonado por náutica — por barcos, por jet-ski — e futebol. Trabalhava durante a semana, estudava à noite. A vida de um garoto de periferia, com boa educação e com objetivos na vida.
Terminei a faculdade de Direito e fui trabalhar com a advogada do Sindicato dos Atletas de São Paulo. E eu falava, doutora, contrato, processo, não dá emoção.
JÚLIO RONDINELLI
Diretor-executivo de futebol do Ju
Paixão pelo futebol
Rondinelli ouvia bastante rádio em uma época de ouro da narração esportiva no país com nomes como Fiori Gigliotti e Osmar Santos, além de ler todos os cadernos de esportes dos jornais paulistas.
— Tinha dinheiro muitas vezes para comprar um jornal e eu era amigo do dono da banca, então comprava um e lia todos. E tudo isso sempre foi fonte de informação para eu poder formar a minha opinião do que era o futebol. Terminei a faculdade de Direito e fui trabalhar com a advogada do Sindicato dos Atletas de São Paulo. E eu falava, doutora, contrato, processo, não dá emoção. Ela falou que dava dinheiro. Eu sabia, mas achava que poderia aliar emoção com dinheiro.
De profissionais da área, Rondinelli aponta dois nomes que servem de inspiração: o experiente Paulo Angioni, do Fluminense, e Ocimar Bolicenho, que trabalhou no Santos, Paraná e Marília.
Do ponto de vista profissional, Júlio se arrepende de uma escolha.
— Ter saído do Avaí e ter ido para o Criciúma foi o grande erro na minha trajetória profissional, porque eu tinha 33 anos e tomava conta do Avaí. Eu montei o time em 2014 e fui para o Criciúma. O Avaí subiu e o Criciúma foi para o buraco.
Eu penso que uma realização profissional é você vencer. Uma realização pessoal é você ser feliz.
Pela frente, Rondinelli já viveu muitas situações em clubes, mas manteve sua postura enérgica.
— Eu já me deparei com clubes desonestos e pessoas desonestas. Eu sou muito autêntico. Eu penso que uma realização profissional é você vencer. Uma realização pessoal é você ser feliz.
E para o torcedor jaconero também continuar feliz em 2025, Júlio Rondinelli é peça importante para o clube se manter entre os 20 maiores do futebol brasileiro.
— Tenho 20 anos trabalhando no futebol e a cada dia eu estou aprendendo. Nunca vou achar que eu tenho o conhecimento máximo, mas estou sempre procurando me atualizar. O Juventude tem feito muito bem à minha vida, sou muito feliz trabalhando aqui.