Passado um ano após a enchente devastadora que atingiu o Estado em maio de 2024, Bento Gonçalves ainda vive os desafios da reconstrução. Também há o luto, pois a tragédia, marcada por deslizamentos de terra provocados pelas chuvas intensas, deixou 13 mortos. Quatro pessoas continuam desaparecidas: Carine Milani, Isabel Velere Antonello Gallon, Lourdes Helena Lazarini e Nelsa Faccin Gallon.
Casas soterradas, estradas destruídas e famílias desabrigadas passaram a fazer parte da paisagem da região. Dos mais de 200 pontos com deslizamentos de terra na cidade e municípios próximos, as comunidades de Faria Lemos, Tuiuty e Linha Buratti foram as mais atingidas, concentrando 70 deles.
Naquele fatídico mês, um cenário desolador era visto desde o trajeto da BR-470, principal ligação entre Bento Gonçalves e Veranópolis, pela Serra do Rio das Antas. A rodovia havia ficado completamente comprometida em decorrência dos desmoronamentos, e foi gradativamente limpa por equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
De acordo com o prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira, grande parte da reconstrução do município, principalmente nas comunidades do interior, já foi executada.
— As pontes, importantes para o município, nós conseguimos executar algumas. Falta ainda algumas de importância estratégica e estadual, como é o caso da ponte de Santa Bárbara, entre São Valentim do Sul e Santa Tereza, mas eu vejo que já existe um otimismo na visão das pessoas, que estão trabalhando bastante — destaca Siqueira.
As duas pontes do Vale Aurora, na ligação de Faria Lemos com o Vale dos Vinhedos, foram executadas com recursos da prefeitura e da Defesa Civil Nacional. Na Via Trento, que dá acesso ao Vale dos Vinhedos, está sendo executada uma obra de drenagem. Entre os serviços já feitos, foi concluída a drenagem do morro, com a instalação de tubulações de diferentes diâmetros, caixas coletoras e trincheiras de drenagem, além de um extenso trabalho de escavação. Falta apenas a conclusão do asfaltamento. O investimento já soma cerca de R$ 7 milhões.
Por ter sido uma situação atípica, nunca vivenciada na história da região, Siqueira acredita ser difícil tomar medidas para prevenir novos desastres, tendo em vista a geografia do município, composta por muitos morros, encostas e áreas de risco.
— Esse tipo de desastre é único, entretanto, o grande trabalho que está sendo feito é em relação à drenagem, de ampliá-la em todo o município. Já trocamos muitas tubulações, principalmente na zona rural, onde todas devem ser trocadas porque foi lá onde as pessoas perderam praticamente tudo. Estão sendo colocados equipamentos maiores, ampliando a passagem de água, tentando fazer com que toda essa água que desce dos morros desça com mais rapidez por vários pontos e não em apenas em alguns pontos pontuais. Então, eu acho muito difícil que aconteça essa tragédia novamente, mas sempre que tiver algum risco, nó teremos que fazer pedidos de evacuação de algumas regiões, se houver necessidade — afirma.
Lembrança com homenagens
Nesta quinta-feira (1º) será realizado um evento em homenagem às vítimas da tragédia em Bento Gonçalves. A partir das 15h será celebrada uma missa na Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Faria Lemos. Logo após, a prefeitura fará a entrega de um monumento em homenagem aos voluntários que auxiliaram no salvamento de pessoas e também às vítimas.
No mesmo dia, o movimento Unidos Por Bento entrega dois monumentos: um em Faria Lemos e outro em Tuiuty.
— Eu acho que o maior ensinamento disso é a gente entender que quando acontece uma tragédia dessas, qualquer prioridade acaba ficando em último plano. A gente tem que largar tudo e resolver, não ficar esperando. E não ter receio de pedir ajuda à comunidade. A população tem uma força impressionante, e quando é chamada para o serviço, comparece e trabalha muito bem — finaliza o prefeito.