
Passados 12 meses desde a enchente histórica que atingiu Gramado, a prefeitura contabiliza mais de R$ 120 milhões em ações voltadas à reconstrução da cidade e ao amparo das famílias afetadas. O balanço foi divulgado nesta semana e detalha os principais investimentos em infraestrutura e assistência social desde o evento climático extremo de maio de 2024.
Na área habitacional, cerca de R$ 8 milhões foram aplicados em indenizações por terrenos perdidos durante a enchente. Ao todo, 21 lotes já foram ressarcidos, de um total de 33 – os demais seguem em trâmites jurídicos. Além disso, o programa de Aluguel Social destinou aproximadamente R$ 2 milhões para 219 famílias no auge da calamidade. Atualmente, 34 famílias ainda recebem o benefício.
Outras iniciativas de apoio direto incluem o Auxílio Financeiro Calamidade, concedido em parcela única a 125 famílias que moravam de aluguel, e o Auxílio Reconstrução do Governo Federal, no valor de R$ 5,1 mil, pago a 562 famílias atingidas.
Obras estruturais chegam a R$ 100 milhões
Entre os principais pontos afetados, o bairro Piratini precisou de atenção especial. No local, próximo à área central da cidade, infiltrações e deslizamentos fizeram com que ruas cedessem e casas caíssem, produzindo algumas das imagens mais emblemáticas da chuva na região.
No setor norte, foi contratado o projeto executivo para recuperação de vias como as ruas Henrique Bertoluci, Guilherme Dal Ri e Afonso Oberher. A obra, estimada em R$ 26 milhões, deve ser licitada até o fim do ano. Já na parte sul do bairro, está em fase de elaboração o estudo técnico preliminar para a recuperação da Rua Nelson Dinnebier, com previsão de obra orçada em R$ 9,2 milhões.
Outra frente de atuação envolve as ruas Gil, Emílio Leobet, Roraima e Amazonas, também em fase de projeto. O valor total estimado para essas intervenções é de R$ 46 milhões, dos quais R$ 33 milhões já estão garantidos pelo governo federal.
A encosta do bairro Três Pinheiros, que apresentava risco de deslizamento, está passando por obras de recuperação de uma cortina atirantada de concreto, com conclusão prevista para o final deste ano. O investimento é de R$ 5,4 milhões, com uma segunda etapa já prevista, orçada em R$ 11,5 milhões, que prevê o grampeamento da estrutura.
Outras áreas em processo de reconstrução incluem:
- Loteamento Orlandi, onde foram realizadas obras de drenagem;
- Estrada Linha 28, com novo traçado e obras de contenção em andamento;
- Ladeira das Azaleias, que terá projeto executivo licitado ainda este ano, com custo estimado de R$ 19,3 milhões.
Segundo a prefeitura, todas as obras planejadas devem estar contratadas ou em execução até o final de 2025. O município afirma que continua articulando apoio junto aos governos estadual e federal para assegurar os recursos necessários à conclusão da reconstrução.
Vítimas na cidade
Entre os dias 2 e 3 de maio de 2024, Gramado registrou sete mortes provocadas pela chuva. Na manhã do dia 2, três integrantes de uma mesma família morreram soterrados na Linha Pedras Brancas: Kaique Andriel Ludvig Santos, 13 anos, Nitiele Ludvig, 36, e Silvio Antonio Pellicioli, 47, filho, mãe e padrasto, respectivamente.
Noeli da Rosa Duarte, 56 anos, moradora da Linha Quilombo, foi a quarta vítima de deslizamentos no município. O soterramento foi registrado na manhã do dia 2.
Outro deslizamento na Linha Pedras Brancas, na tarde do dia 3, vitimou outra família. Os corpos de Matilde Veronica Zimmermann, 47, e Rudimar Branchine, 62, foram encontradas no fim da tarde. Já o de Jocemar Zimmermann Branchine, 16, somente no dia seguinte.