
Simbolicamente se inicia nesta segunda-feira (31) um importante capítulo da história de Caxias do Sul. Primeiro, porque ocorre mais uma etapa do programa O Futuro Que Queremos, dando sequência ao seminário realizado em agosto do ano passado, no UCS Teatro, cerca de quatro meses depois de uma visita técnica por Medellín, na Colômbia promovida pela Fundação Marcopolo.
Visita essa que despertou um grupo de pessoas para que se desafiassem a pensar o futuro da cidade, pautado em transformações sociais por meio da cultura e da educação, pelo viés da inovação.
Segundo, porque parte do evento que se inicia nesta segunda vai ocorrer na sede da primeira Biblioteca Parque de Caxias, estabelecida em uma área de 6 mil metros quadrados, onde antes funcionava o Colégio Objetivo, no bairro de Lourdes.
Nesse caso, o simbolismo se revela por meio da edificação das ideias apreendidas nas andanças por Medellín, para que sejam desenvolvidas atividades artísticas, educacionais e esportivas, centralizadas em um prédio de acesso gratuito para toda a comunidade.
Mesmo ainda em obras, a Biblioteca Parque vi sediar nesta segunda a palestra Cidade Educadora, com o cientista político Jean-Edouard Tromme e o pesquisador social e gestor de políticas urbanas e sociais Santiago Uribe Rocha.
Jean e Santiago são referências mundiais em resiliência urbana e inovação social, além de lideraram a transformação de Medellín, de um local sitiado pelo tráfico a uma cidade educadora.
Caminhos para construir uma cidade melhor

O terceiro elemento simbólico é pautado pela aproximação dos mais diversos atores sociais, como o governo, a iniciativa privada, os jovens e os educadores, por exemplo, para sentarem diante da mesma mesa, sendo desafiados a deixarem de lado suas particularidades para pensar na coletividade.
— Como não envolver os mais diversos atores sociais para planejar o futuro de uma cidade? Eu realmente não vejo possível que se pense e desenhe um plano estratégico de longo prazo para a cidade, que não se comunique com todas as partes envolvidas. Sem isso, não teríamos como ter uma visão completa e rica, das diferentes oportunidades e caminhos para que a gente possa, efetivamente, construir uma cidade melhor — enfatiza João Paulo Pohl Ledur, diretor de Estratégia e Transformação Digital da Marcopolo e presidente do Instituto Hélice.
Se por um lado Ledur não imagina outra forma de planejar a longo prazo o futuro de uma cidade, que não seja por meio do envolvimento de todos os atores desse processo, ele reconhece que é preciso maturidade para superar esse desafio.
— É algo que parece simples, obviamente, mas sabemos da complexidade envolvida. Se a beleza é somar as perspectivas, o desafio é que nós tendemos a olhar para as nossas próprias necessidades. O que parece fácil é, na verdade, um grande desafio. Mas é possível — acredita.
"Amplo diálogo social"

Na abertura do programa, que visa criar alicerces para um planejamento à longo prazo, ocorrerá a palestra Cidade Educadora, com a participação de Santiago Uribe Rocha e Jean-Edouard Tromme.
Mais do que a expertise no planejamento de futuros possíveis, eles são testemunhas da revolução que vem ocorrendo em Medellín, pelo menos nos últimos 30 anos, que colocam a cidade colombiana no patamar de destaque mundial, quanto à educação, cultura, tecnologia e inovação.
Para eles, o trunfo de Medellín tem sido sustentar um planejamento contínuo, envolvendo todos os setores da sociedade para que participem das ações de agora, de amanhã e das próximas décadas.
— Olha, isso é muito importante porque, geralmente, as pessoas ou grupos imaginam o futuro a partir da sua própria experiência de vida, mas quando é preciso conversar e ouvir outras pessoas com experiência de vida, mentalidades diferentes, o planejamento se torna muito rico, diversificado e inclusivo, permite nesses encontros inesperados gerar um amplo diálogo social — defende Santiago.
"Território de esperança"

Por sua vez, Jean-Edouard enfatiza que "o futuro que queremos precisa de ser construído como um sonho coletivo":
— Quando o governo se senta para conversar com os jovens, as políticas deixam de ser pedaços de papel e passam a ser oportunidades reais. Quando os empreendedores ouvem as novas gerações, encontram nelas a centelha de inovação e o talento de que necessitam para crescer. Quando a academia se abre para o mundo real, as salas de aula deixam de ser apenas teoria e passam a ser espaços onde os problemas do território são resolvidos. Portanto, quando os jovens veem que há um futuro possível na sua cidade, começam a construir a partir deles e para si próprios um território de esperança.
O Futuro Que Queremos

O quê: Programa O Futuro que Queremos
Quando: de segunda (31/03) a quarta-feira (02/04).
Onde: Biblioteca Parque - Fundação Marcopolo (Rua Pinheiro Machado, 410) e na sede da Fundação Marcopolo, em Ana Rech.
Quanto: entrada franca, mediante inscrição prévia neste link.
O Futuro Que Queremos tem apoio da Marcopolo Next e da UniMarcopolo na criação e estruturação da iniciativa cujo objetivo é desenvolver programas replicáveis de futuros desejados de forma coletiva.
Veja a programação completa
Quarta-feira (31/03), às 17h30min
- Palestra Cidade Educadora, com Jean-Edouard Tromme e Santiago Uribe Rocha, na Biblioteca Parque.
Terça-feira (01/04)
- Imaginação do futuro - Das 8h às 10h30min, na Fundação Marcopolo (Ana Rech): governos
- Imaginação do futuro - Das 14h às 16h30min, na Fundação Marcopolo (Ana Rech): educação
- Imaginação do futuro - Das 17h30min às 19h, na Biblioteca Parque: empresas
Quarta-feira (02/04)
- Imaginação do futuro - Das 14h às 16h30min, na Biblioteca Parque: jovens
- Das 17h30min às 19h na Biblioteca Parque: discussão dos próximos passos, resultados e compromissos necessários para avançar.