Bebida unânime em celebrações, o espumante é reconhecido pela sua versatilidade. O produto é traduzido em ao menos seis tipos conforme a legislação brasileira, sendo capaz de agradar os mais diferentes paladares. Em tempo de vindima, entenda a seguir os mais diversos tipos do produto.
A principal diferença entre os espumantes está relacionada ao teor de açúcar, segundo o enólogo e gerente de enologia da Cooperativa Nova Aliança, André Gasperin. De acordo com a legislação federal, a bebida borbulhante é classificada em nature, extra-brut, brut, sec ou seco, demi-sec e doce.
— O nature, por exemplo, é o que chamamos de zero dosagem. É um espumante onde a segunda fermentação acontece até o final. Então, a levedura consome todos os açúcares. Sobra em torno de 1,5g e 2g, por litro — explica André.
Os natures, conforme a lei, podem conter até 3g de açúcar por litro. Os outros cinco tipos são divididos da seguinte forma:
- Extra-brut: aqueles que contêm de 3,1g a 8g de açúcar por litro.
- Brut: são os espumantes que possuem de 8,1g a 15g de açúcar por litro.
- Sec ou seco: são classificados assim os que tiverem de 15,1g a 20g de açúcar por litro.
- Demi-sec: é o espumante que tem de 20,1g a 60g de açúcar por litro.
- Doce (moscatel): aqueles que têm mais de 60g de açúcar por litro.
A concentração de açúcar é o que torna, geralmente, o espumante mais ou menos atrativo para o paladar dos consumidores. Considerado porta de entrada para a bebida, os moscatéis são os preferidos dos brasileiros. No ano passado, este tipo registrou crescimento de 40% nas vendas do RS até setembro, em comparação com 2023.
— O teor de açúcar dá uma característica principalmente na boca, no dulçor, bastante distinta. Quem entra no mundo do vinho, no mundo do espumante, normalmente começa pelos produtos mais doces. Depois, vai começando a notar que aquele doce já não é aquilo que pensava e vai evoluindo para produtos com menos teor de açúcar — enfatiza o enólogo.
O sommelier André Luís Rech lembra que as variedades de uva também mudam conforme a tipificação do espumante. Os moscatéis são feitos a partir da uvas moscato. As famílias trebbiano, chardonnay e pinot noir são outros exemplos comuns para a fabricação da bebida borbulhante.
— Nós, por exemplo, da (Cooperativa Vinícola) Garibaldi, temos uma outra uva, que é a viognier. Ela não é tão comum para espumantes, é mais voltada para vinhos tranquilos, vinhos sem as borbulhas, mas nós a utilizamos para fazer um dos nossos espumantes — acrescenta o sommelier.
Espumantes e combinações
Assim como outras bebidas, o espumante harmoniza melhor com determinados pratos. As melhores combinações dependem do tipo de bebida escolhida.
Para as sobremesas, segundo o sommelier André Luís Rech, os moscatéis são os mais indicados para uma harmonização por semelhança, uma vez que reúne duas opções adocicadas. Também é possível contrastar os sabores utilizando os tipos extra-brut e nature.
Os espumantes mais secos, ou seja, menos doces, são recomendados para os pratos mais sofisticados, conforme o sommelier:
— Uma massa mais encorpada, risotos, pratos com frutos do mar, ou talvez até mesmo uma carne assada, são opções que vão bem com um espumante brut — exemplifica André.
Frisante, espumante e champanhe
Espumante ou champanhe? Essa é outra dúvida comum na hora de apreciar ou se referir à bebida. O champanhe é o nome dado ao espumante elaborado na região de Champagne, no norte da França.
— Os métodos de elaboração e as variedades da uva são similares aos que temos aqui. No entanto, como são elaborados dentro dessa região geográfica delimitada, só eles podem utilizar essa denominação em seu produto, salvo algumas raras exceções — explica o enólogo André Gasperin.
Comumente associados ao espumante, o vinho frisante também apresenta diferença. A bebida, segundo André, tem menos gás carbônico que o espumante.
— O que diferencia hoje frisante de espumante basicamente é a quantidade de gás carbônico e a pressão interna da garrafa. O espumante, por ter pressão maior dentro da garrafa, sempre vai ser um produto com mais gás, com mais perlage, com mais borbulhas — detalha o enólogo.