Rosélia Klassen, 43 anos, voltava de Arroio do Sal quando um caminhão dos bombeiros colidiu contra o automóvel Corolla que ela conduzia em uma curva da Rota do Sol, em Itati, no domingo (26). No carro estava o filho, Miguel Klassen Tomazi, nove, que também morreu. O acidente também vitimou o genro, Gabriel Vitorino Frezza, 22, que estava no banco da frente, ao lado da motorista.
Os corpos de Rosélia e Miguel são velados na capela A do Memorial São José, em Caxias, onde Roselia morava com os filhos e o companheiro Marciano Tomazi. Gabriel é velado na sala A da Capela Cristo Redentor.
A filha, Clara Klassen Tomazi, 16, permanece no Hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa, com quadro de saúde estável.
Natural de Alpestre, Jardelino Klassen, 64, reuniu a família pela última vez no Réveillon, na cidade natal dos três filhos. Roselia era a primogênita.
— Levaram um pedaço de mim. No Réveillon, consegui reunir todos em Alpestre, foi muito bom. Suspeito que tenha faltado freio no caminhão, ou mesmo excesso de velocidade por conta da pressa. Todo veículo, como o transporte escolar, precisa de normas, de uma idade limite para a frota — sentencia.
Miguel amava ler e era conhecido como "Mosquito"
Boa oratória e apaixonado por futebol. São as características destacadas por Carina Semiguem, professora de Miguel. O menino iniciaria o quinto ano no La Salle Caxias em 2025.
— Uma coisa que me marca muito é que ele comia o lanche muito rápido para ir jogar futebol, brincávamos porque ele era colorado e eu gremista. Amava ler e tinha uma oratória muito boa. Era sapeca, brincava com os colegas. Um guri muito do bem, o chamávamos de anjinho por causa dos cabelos — recorda.
No futebol, ele jogava bem, segundo o colega Pedro Elias Iektoskiu Pinto, 10:
— Ficava sempre no meu time. O apelido dele era Mosquito, porque ele era o mais baixinho.
Irmão voltava do litoral e reconheceu as vítimas no local
Gilnei Klassen, 36, passou minutos antes pelo acidente sem identificar o carro envolvido e logo parou em Aratinga para tomar um café. Foi lá que descobriu o modelo do automóvel envolvido. O cunhado, companheiro de Roselia e pai de Miguel e Clara, também estava no litoral e voltava para Caxias.
— Mandei mensagem para ela, que não me respondeu. Meu cunhado também disse que ela não atendia. Foi quando desci até o ponto do acidente e reconheci (o carro da irmã) na hora — relata Gilnei.
Rosélia era autônoma, trabalhava na customização de cadeiras, com componentes fabricados nas empresas do irmão e do marido. Segundo o irmão, estava há uma semana na praia com o casal de filhos e o genro.
— O Miguel era agarrado no pai, chegou a entrar no carro do meu cunhado, que foi passar o final de semana com eles, mas trocou de carro porque queria viajar com a irmã e o cunhado — conta.
Como foi o acidente
O acidente causou a morte de cinco pessoas e envolveu uma viatura do Corpo de Bombeiros e um automóvel, com placas de Caxias do Sul, na manhã de domingo (26), na Rota do Sol, RS-453, em Itati.
Duas das vítimas são os soldados Audrei Alves Camargo e Juliano Baigorra Ribeiro, que estavam no caminhão.
Os outros mortos são Rosélia Fátima Klassen, 43 anos, Miguel Klassen Tomazi, nove, e Gabriel Vitorino Frezza, 22. Outra ocupante do veículo, Clara Klassen Tomazi, 16 anos, foi encaminhada em estado grave ao hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa.
O caminhão dos bombeiros descia a Serra para atender a outro acidente na rodovia de Itati.
— Estamos avaliando a causa (do acidente). O caminhão invadiu a pista contrária, talvez por uma falha mecânica — diz o major Diego Caetano de Souza, comandante do 3º Batalhão Rodoviário da Brigada Militar.