Um paciente foi transferido de Capão da Canoa para o Hospital Pompéia, na última quinta-feira (25), de forma inédita: por um helicóptero. O transporte marca o início de um novo projeto do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Caxias do Sul. O modelo está ainda em fase de implantação e a expectativa é que se torne definitivo ainda neste ano. A equipe de Caxias será a primeira do Estado a ter este atendimento.
Com apoio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e tendo as forças de segurança como parceiras, o modelo de atendimento com transporte aeromédico permitirá que pessoas em situações de risco ou em locais de difícil acesso sejam resgatadas e transferidas de forma ainda mais ágil. O atendimento na quinta foi o primeiro do RS feito por uma equipe do Samu.
— Esse serviço vai salvar vidas e ofertar à população atendimento médico de alta qualidade, com a mesma equipe que tripula as UTIs móveis. Faz com que o socorro chegue mais rápido ao local onde há algum acometimento grave, como infarto, AVC, acidentes de trânsito, quedas de altura, principalmente aqui na Serra, que é bem marcada por locais de difícil acesso, e também mesmo nas grandes rodovias da nossa região — explica a diretora-geral do SAMU de Caxias do Sul, Carolina Cunha Lima.
No caso da última quinta-feira, o paciente, morador de Caxias, estava em Capão da Canoa quando necessitou de um atendimento de urgência por conta de uma doença renal. Em 30 minutos, o helicóptero trouxe o homem até a base aérea do 3º Esquadrão do Batalhão de Aviação da Brigada Militar. Depois, de ambulância, ele foi levado ao Hospital Pompéia para receber o tratamento. O trajeto terrestre levou mais sete minutos. O paciente segue internado.
A ação teve o apoio logístico do 3º Esquadrão do Batalhão de Aviação da Brigada Militar em Caxias e da equipe da Operação Verão.
Projeto depende de aeronave
O atendimento surge de uma oportunidade, já que a a base gaúcha da Polícia Rodoviária Federal (PRF) está com um helicóptero cedido por outra unidade da federação.
Para o novo serviço ser implantado de forma definitiva, o Samu de Caxias depende de conseguir uma aeronave. Para isso, tratativas estão em andamento com forças de segurança como PRF, Corpo de Bombeiros e Brigada Militar (BM). Uma vez implantado, o benefício imediato será para as 49 cidades da Serra. Existe ainda a possibilidade de auxílio para outras regiões do Estado, como com transferência de pacientes.
Para o futuro, o Samu caxiense estuda a aquisição de uma aeronave própria, com recursos estaduais e federais para operacionalizar o serviço aeromédico de maneira exclusiva. Porém, ainda não existe previsão para isso.
No caso de quinta, o helicóptero cedido pela PRF teve piloto, copiloto e operador de voo da própria corporação. Já a equipe médica foi do Samu, com Carolina, que é médica emergencista, e o enfermeiro Claudio Bernardi Neto, coordenador do Núcleo de Educação em Urgências (NEU) do Samu.
Helicóptero-ambulância e critérios
O morador de Caxias que estava em Capão da Canoa tinha o quadro estabilizado, o que permitiu o transporte. Conforme explica Carolina, a partir do momento que o atendimento for implantado de forma definitiva, cada caso será avaliado a partir de critérios clínicos e logísticos. A organização será feita pela Central de Regulação de Urgências (CRU) Regional do Samu de Caxias do Sul em parceria com as centrais Estadual e de Porto Alegre.
— (Na Central) Temos médicos reguladores, que estão ali recebendo os chamados e os pedidos de socorro. Os critérios que nós vamos usar são os critérios que já utilizamos no envio de ambulâncias de UTI Móvel. Claro que nos critérios para o aeromédico, o médico regulador vai ter que ponderar tempo-resposta, o local de difícil acesso, a gravidade da situação, porque não é só transporte. Uma vez colocado, vai ser atendimento de urgência e emergência — esclarece a diretora-geral do Samu de Caxias.
Algumas das situações podem ser acidentes em locais de difícil acesso ou em rodovias, ou até mesmo transferência de um município com menos estrutura médica para Caxias - levando em conta a gravidade do caso. Outro benefício que o atendimento proporcionará será mais agilidade no transporte de órgãos, diminuindo o tempo-resposta entre a coleta e o destino final para o transplante.
Para os atendimentos de urgência e emergência, o helicóptero é praticamente transformado em uma ambulância de transporte avançado. São instalados equipamentos como ultrassom portátil, via aérea avançada (para entubar o paciente, caso necessário) e medicações utilizadas em urgência e emergência.
— O Samu está debruçado nesse projeto e totalmente dedicado para fazer com que aconteça com a maior brevidade possível, com equipe qualificada e preparada para colocar em prática. Será um grande diferencial para proporcionar ainda mais agilidade aos atendimentos de urgência, certamente um salto de qualidade e que dará ainda mais segurança a quem precisar de atendimento de urgência emergência em Caxias e na região — declara a secretária municipal de saúde de Caxias, Daniele Meneguzzi.
A equipe de atendimento sempre será do Samu. No ano passado, quatro médicos e quatro enfermeiros do serviço foram capacitados em serviços aeromédicos de São Paulo, como o Águia, inclusive com os profissionais que foram pioneiros para este tipo de ação no Brasil.