Sem interagir com colegas da escolinha e preferindo brincar sozinho na maior parte do tempo, o isolamento de Benjamim Rodrigues Vaccari, dois anos, fez uma professora pensar que ele pudesse ter Transtorno do Espectro Autista (TEA). A dúvida e a demora para começar a falar fizeram com que a família buscasse médicos para entender o que poderia estar acontecendo. A partir de um exame, em meados de agosto deste ano, o menino foi diagnosticado com otite, uma infecção no ouvido, que o impede de ouvir.
O caso, que ainda está sendo analisado pelos médicos de Caxias do Sul, acabou se agravando por causa de um vírus e, atualmente, Benjamim possui perda severa da audição no ouvido direito e moderada no esquerdo.
Para que possa aprender a falar ainda no período crucial de desenvolvimento, que ocorre nos anos iniciais da criança, a família de Benjamim criou uma vaquinha para arrecadar R$ 23 mil para comprar os aparelhos auditivos. Segundo a mãe, Juliana de Oliveira Rodrigues Vaccari, a partir do diagnóstico a família passou a entender melhor o pequeno e buscar informações sobre como lidar com a criança, que não ouve.
— Fui atrás de informações sobre bebês com surdez e não encontrei quase nada. Eu queria saber o que fazer, saber como lidar com ele. Foi um diagnóstico desesperador, porque não sabíamos o que fazer, foi um impacto muito grande pensar que meu filho não ouvia, mas acabamos aprendendo outras formas de nos comunicar. Aprendemos a ler o olhar dele e descobrimos que pessoas com alguma deficiência ou dificuldade acabam desenvolvendo outras habilidades e o Benjamim é muito inteligente — conta Juliana.
Conforme a mãe, durante o nascimento dos primeiros dentes, o choro e a manha, comuns da idade, eram acompanhados de sinais que Benjamim fazia para a boca, como forma de dizer que algo estava incomodando. Em momentos que sente fome, o pequeno também sabe comunicar sobre o que quer e, segundo Juliana, é um grande apreciador de brócolis e tomate.
A ideia de fazer uma vaquinha para arrecadar o valor do aparelho surgiu a partir da fila para atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de Caxias do Sul. Conforme a lista de espera para otorrinolaringologista, atualmente estão sendo chamados para atendimento os pacientes de prioridade alta que entraram na lista em novembro de 2021.
— Ele precisa usar o aparelho até os três anos, para conseguir aprender a falar, e agora ele já está com dois anos e quatro meses, por isso surgiu a ideia de fazermos uma vaquinha e comprar o aparelho em vez de esperar pelo SUS. Com o aparelho, vai ser feito teste para saber o quanto ele escuta e ele é candidato a botar o implante coclear no ouvido direito, onde houve a perda severa da audição, por isso não quisemos esperar pela fila. — afirma a mãe.
Desde que a vaquinha "Ajude o Benjamim a voltar a ouvir" foi feita, no início de novembro, a família já arrecadou R$ 5,7 mil. O orçamento estimado em R$ 23 mil é para comprar dois aparelhos, um para o ouvido esquerdo e outro para o direito. Para fazer qualquer contribuição, basta acessar o site da vaquinha.
A família também criou um perfil oficial no Instagram, com o objetivo de mostrar para as pessoas os laudos, orçamento e um pouco da história do pequeno Benjamim, que está aberto para o acesso do público.