Os fiéis de Caxias do Sul têm a oportunidade de contemplar de perto, até domingo (9), uma réplica do Santo Sudário autenticada pelo Vaticano, de propriedade do advogado Durval Balen. A cópia do pano que envolveu o corpo de Jesus Cristo no sepulcro, segundo a Bíblia, está exposta na Igreja Nossa Senhora de Lourdes, no bairro homônimo. Essa é a segunda vez que o manto é exposto na cidade.
O manto católico original está na Catedral de Turim, na Itália, desde o Século 16. Feito de linho com quase 4m50cm de altura e 1m50cm de largura, o tecido guarda as marcas do corpo de Jesus Cristo depois da crucificação.
— É a relíquia mais preciosa do cristianismo, da Igreja Católica, porque envolveu o corpo de Jesus Cristo após a sua descida da cruz e sepultamento. Ele foi envolvido neste lençol. Por causa dos ferimentos que sofreu, do flagelo, a marca dos pregos, o chicote, a coroa de espinho, ficou marcado no pano pelo sangue, o desenho do corpo de Jesus. É possível observar bem essas marcas que dão as dimensões reais da fisionomia do corpo de Jesus — explica o pároco de Lourdes, padre Eleandro Telles.
Ao longo dos séculos, o Santo Sudário, segundo o padre, foi objeto de disputas, até que por fim ficou sob a responsabilidade da família real francesa da Casa de Savoia. Quando essa família se estabeleceu na cidade que hoje se chama Turim, construiu uma capela, onde guardou o Santo Sudário, onde permanece na Catedral de Turim. O padre relata que o tecido foi atingido por um incêndio que, além do Palácio Real, destruiu quase completamente a capela de Guarino Guarini — ao lado da Catedral de Turim — onde se encontrava a relíquia, dentro de um ambiente seguro, rodeado por vídeos blindados.
— O tecido traz as marcas do corpo de Jesus e também desse incêndio que chegou a atingir a borda do pano, que estava guardado dobrado dentro de uma caixa. O Santo Sudário original é exposto em determinados períodos do ano. Uma família de paroquianos visitou a Catedral de Turim, viu o original, trouxe essa réplica e gentilmente cedeu o tecido para expormos na nossa igreja — destaca o padre.
Telles ressalta que o Santo Sudário de Turim foi objeto de diversas pesquisas científicas e testes, nas últimas décadas, e se concluiu que de fato é um tecido com propriedades do primeiro século. Telles ressalta que foram feitos testes com carbono 14 e há alterações por causa do aquecimento provocado pelo incêndio.
Como a réplica chegou a Caxias do Sul
A réplica chegou a Caxias pelas mãos do advogado Durval Balen, em 1998. Ele conta que a partir de uma etapa da vida teve uma conexão maior com a história de Jesus, interesse que aumentou após ler A Paixão de Cristo segundo o cirurgião, de autoria do médico francês Pierre Barbet.
— Um médico fez o estudo sobre a causa da morte e o sofrimento de Jesus na cruz, e então eu tomei conhecimento sobre o Sudário, que contém a imagem, as marcas de um homem crucificado e que é o manto que envolveu Jesus no seu sepultamento. Eu comecei a dar palestras sobre o assunto — explica.
Em 1998, Balen soube que o Sudário original da Catedral de Turim seria exposto para a visitação pública. O advogado foi até lá, depois da visita foi até o Museu de Turim para adquirir livros, vídeos e outros produtos. Conversando com a equipe, foi convidado para ir até a capela do museu, onde estava exposta uma das cópias "ao vero", que significa "exatamente igual à original". Naquela época existiam quatro réplicas deste tipo:
— Eles me disseram 'uma está aqui, outra está em uma igreja no interior da Itália e a terceira, na Inglaterra' e, surpreendentemente, eles me disseram 'a quarta nós gostaríamos que fosse para o Brasil'. Eles me ofertaram a cópia, porque queriam que ficasse exposta no país com maior número de católicos do mundo e que fosse divulgado. Eu fiquei muito emocionado. A cópia é realmente igual ao sudário original, a única diferença é o pano. O autêntico é um lençol de linho fino e esse foi colocado num pano mais grosso, para possibilitar transporte e exposições.