O resgate de homens em situação análoga à escravidão teve continuidade ao longo desta quinta-feira (23) em Bento Gonçalves, na Serra. No segundo dia de operação, mais 24 trabalhadores foram encontrados em parreirais no município. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), eles não dormiram na pousada e, por isso, não foram encontrados na noite de quarta-feira (22), quando a ação de resgate foi desencadeada.
O MTE já tinha uma previsão de aumento no número de homens resgatados, tendo em vista que alguns dos 180 encontrados na quarta haviam informado que colegas não iriam dormir no local naquela noite. De acordo com o gerente regional do MTE de Caxias do Sul, Vanius Corte, o número de resgatados ainda pode aumentar.
Após a interdição da pousada em que os homens estavam alojados, eles foram encaminhados ao Ginásio Municipal Darcy Pozza — que abriga, até o momento, 206 pessoas. Além das 204 que estavam em situação semelhante a trabalho escravo, outras 35 também estavam na pousada e, por isso, vão ser abrigadas no mesmo local.
Prisão e liberação
O proprietário da empresa Oliveira & Santana, suposto responsável por aliciar a mão de obra na Bahia, chegou a ser preso durante a operação. O homem, 45 anos, de Valente (BA), foi liberado após pagar a fiança, no valor de R$ 39.060.
Segundo o MTE, ele cooptava os trabalhadores e os trazia para atuarem na colheita da uva nos parreirais, no carregamento de caminhões nas vinícolas e no transporte de frangos de aviários até frigoríficos.
Já as três vinícolas — Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton —, citadas pelos trabalhadores e que contrataram o serviço terceirizado da prestadora, afirmaram em nota não ter conhecimento da situação em que os homens eram expostos e que irão colaborar com a investigação.