
A primeira vez em que o jornalista Filipe Brogliatto, 25 anos, esteve próximo do papa Francisco foi em 2013, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro. Aquela, aliás, havia sido a primeira viagem apostólica do Santo Padre, que morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, no 12º ano à frente da Igreja Católica.
À época com 14 anos, Brogliatto, natural de Flores da Cunha, participou de uma caravana organizada pela Diocese de Caxias do Sul para acompanhar o evento religioso na capital fluminense. Na ocasião, o jovem não chegou tão perto do pontífice — afinal, foram 3,7 milhões de pessoas que assistiram à sua homilia na Praia de Copacabana.
Oito anos depois, em 2021, Brogliatto teve a oportunidade de fazer um estágio na Rádio Vaticano. Dos dois meses que esteve em Roma, guarda com carinho o momento especial que vivenciou com o papa Francisco. Ele conta que o papa tinha o costume de trocar o solidéu (uma espécie de chapéu que líderes religiosos usam) publicamente quando confirmava que se tratava de uma peça igual a sua. O jovem não pensou duas vezes em tentar fazer essa troca de solidéu com o pontífice. E conseguiu!
— Eu fui até a Gamarelli, que é a loja oficial que fabrica as vestimentas do papa, comprei o solidéu e fui na audiência geral, na Sala Paulo VI. Como no final da audiência, o papa cumprimentava os fiéis e passava no corredor da sala, eu mostrei o solidéu pra ele. Na hora ele me olhou, veio em minha direção, pegou o solidéu da minha mão, colocou sobre a cabeça, olhou para trás para confirmar com um dos seguranças se era igual ao seu e quando teve a confirmação, me entregou o dele — lembra.
Apesar de ter conseguido o feito, o jovem lembra que quase não pôde entrar na sala onde era realizada a audiência geral. Mesmo sendo gratuita, a entrada necessitava de um ingresso que deveria ser solicitado com antecedência. Por ter sido a primeira audiência em que participava, Brogliatto não sabia dessa condição.
— Eu fui lá e fiquei esperando uns 40 minutos para conseguir entrar. Eles deixaram entrar todo mundo que tinha o bilhete, e quem não tinha ficou para depois. Quando a entrada foi liberada, eu peguei o lugar mais próximo da cerca. Havia um cuidado maior ainda porque estávamos vivenciando a pandemia de covid-19 e o papa estava fazendo algumas cerimônias públicas, mas com distanciamento e com uso de máscaras. Então, eu fiquei bem pertinho da cerca e tinha esperança de que ia conseguir chegar perto dele.

Para o jornalista, Francisco deixa um legado marcado pelos pedidos de paz, de olhar para os mais pobres e pelos mais simples.
— Quando eu o encontrei e parei na sua frente, eu me dei conta que estava na frente do papa. Eu perdi as palavras de fato. Nesse momento a gente não sabe o que falar para uma figura dessa importância. Foi uma experiência incrível, que eu guardo agora com mais carinho ainda — finaliza.