Foram mais de cem noites desde o dia 20 de maio, data de início da Hospedagem Solidária em 2022. No período, que encerra-se na manhã deste sábado (3), 10.360 refeições já foram distribuídas entre jantares e cafés da manhã a 505 homens que se abrigaram do frio durante o projeto que, neste ano, precisou mudar de local em três oportunidades. Os dados são desta manhã.
A última noite da 5ª edição da Hospedagem Solidária em Caxias do Sul, nesta sexta-feira (2), ocorre no prédio da Mitra Diocesana, na Rua Os 18 do Forte, 1.771, no Centro. O local abriga homens em situação de rua desde o dia 25 de junho, após o projeto ter passado pelo Salão Comunitário do bairro Sagrada Família e pela Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes.
Com mais do que o triplo de atendimentos realizados em relação ao ano passado, os números surpreenderam a coordenadora da Pastoral das Pessoas em Situação de Rua, Maria Teresinha Mandelli. Em 2021, segundo ela, foram cerca de 150 pessoas acolhidas durante todo o período. Dessa vez, nas noites mais frias, o prédio da Mitra chegou a receber até 70 pessoas em um único dia.
— É muita gente nova na cidade que vem em busca de trabalho. Todas as noites eram mais de 50 pessoas, nossa cidade precisa ter um olhar para saber o que fazer, porque é muita gente na rua —contou.
O aumento da capacidade e procura se deu também pelo fim das restrições impostas pela pandemia de covid-19. Na edição anterior, na Paróquia de Lourdes era possível abrigar 45 pessoas por noite. Além da maior disponibilidade de camas a Hospedagem Solidária deste ano contou com a ajuda especializada da Fraternidade O Caminho que dormiu junto dos frequentadores e apoiou a realização da acolhida.
— Foi uma grande bênção termos os freis conosco, com todo o cuidado e vivência que eles têm, somou muito a nossa pastoral — definiu Maria Teresinha que passa a contar com a presença fixa da fraternidade em Caxias do Sul.
A Pastoral das Pessoas em Situação de Rua agora trabalha para viabilizar um sonho antigo, de ter um local fixo para realizar o trabalho durante todo o ano. Mas isso depende de reformas e da indicação de uma estrutura própria para a Hospedagem Solidária.
— Muitas pessoas nos perguntam porque é que não continuamos, é o nosso sonho e desejo, mas pra isso precisamos reformar muita coisa e viabilizar chuveiros, por exemplo — explica a coordenadora que confirma o contato com a Mitra Diocesana para avaliar os próximos passos e como funcionará o projeto no ano que vem.
— Não tem como ser sempre de forma emergencial como fazemos nos períodos mais frios. O dever nunca está cumprido quando o serviço é ajudar o ser humano — disse.
Uma missa em ação de graças pelo trabalho realizado durante a Hospedagem Solidária ocorre neste sábado (3), às 8h, na Catedral Diocesana Santa Teresa D'Ávila. A celebração será presidida pelo bispo diocesano, Dom José Gislon.