
Remanejados antes do começo do ano letivo, em fevereiro, alunos matriculados na Escola João de Zorzi, em Caxias do Sul, voltarão a frequentar as aulas na instituição do bairro Centenário após as férias, no dia 1º de agosto. Mas o retorno não será com o prédio reformado e credenciado pelas normas do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI), como o esperado e prometido.
O encerramento do contrato com a empresa que realizaria as obras orçadas em R$ 5,18 milhões em 10 escolas, incluindo a João de Zorzi, causa o retorno à estaca zero. De acordo com a Secretaria Municipal da Educação (Smed), a empresa justificou questões técnicas para não iniciar o trabalho no prazo.
— Não ficou muito claro o que aconteceu com a empresa, só disseram que ela não cumpriu o contrato e que todas as três que participaram da licitação foram chamadas e nenhuma aceitou — explicou o vice-diretor da escola, José Ramiro Alvez da Silva.
Da lista de escolas a serem reformadas, a do bairro Centenário é a mais precária e chegou a motivar uma intervenção do Ministério Público que acelerou o processo no início deste ano, pois a atual estrutura não tinha mais condições de abrigar os alunos. Para que as benfeitorias ocorressem, os 324 estudantes, divididos entre os turnos da manhã e tarde, passaram a estudar em outros locais. Os da manhã no prédio da Faculdade Anhanguera, no bairro Desvio Rizzo, que firmou parceria com a prefeitura e, os da tarde, na Escola Evaristo de Antoni, no bairro São José.
— Foi bastante trabalhoso, burocrático também, para fazer a mudança. Mas os alunos que resistiram no começo já estavam ambientados e tinham transporte, mas imagino que seja um custo alto pra prefeitura — conta Da Silva ao falar do retorno a uma escola que pouco mudou desde que precisou ser abandonada por, até então, um bom motivo.
Para que as aulas possam voltar a ocorrer no bairro Centenário, a direção da escola usou um fundo de reserva, para realizar pequenas reformas e viabilizar a segurança dos alunos. De acordo com o vice-diretor, salas foram pintadas e a instituição poderá abrigar novamente os estudantes, mas uma demanda que gera preocupação, ainda estará em aberto. Nos fundos da escola, a falta de cercamento possibilita o acesso de qualquer pessoa. No projeto constava a construção de um muro.
— Ficaram de fazer. É bem inseguro pra nós, assim como entra os alunos pode entrar qualquer um. A gente tem medo, principalmente no final da tarde, tem umas vans que atrasam e anoitece cedo — conta Da Silva.
Para o presidente da Comissão de Educação da Câmara de Vereadores, Wagner Petrini, o aumento dos valores da construção civil tem prejudicado as licitações da prefeitura.
— A gente cobra, mas também entende um pouco. Tem empresas que participam da licitação e como têm variado muito os preços elas "correm". Foi assim também com as outras colocadas que poderiam assumir a obra — explicou.
Ainda de acordo com o vereador, diante da demora pelo início das obras alguns pais de alunos procuraram o Legislativo para pedir o retorno dos estudantes ao prédio de origem. A Comissão de Educação aguarda a divulgação de uma nova licitação para que as obras finalmente tenham início.
— Sem licitação não se começa obra. A comunidade fez todo o trabalho de sair de lá, a prefeitura gastou com transporte e, agora, voltam do mesmo jeito que estava — lamentou Petrini.
Em nota, a Smed disse que o retorno à antiga sede atende a um pedido dos representantes do Círculo de Pais e Mestres (CPM), do Conselho Escolar, da Associação de Moradores e do Legislativo, com o objetivo de facilitar o acesso dos estudantes à instituição, diante do imbróglio.
— A comunidade pediu o retorno à sede da Emef João De Zorzi, por conta da distância e das dificuldades que o deslocamento do prédio de origem gera para as famílias. Ao recebermos os representantes da comunidade, ficou acordado o retorno das aulas na escola sede a partir de agosto, depois das férias. Importante frisar que foi uma medida construída em conjunto, por meio de diálogo entre todos os envolvidos — declarou, em nota, a secretária municipal de Educação, Sandra Negrini.
Sobre a contratação de nova empresa, a Smed informou que o processo de licitação está em fase de atualização de orçamentos.