Surtos, a chegada do frio, a circulação de pessoas que não possuem condições de realizar algum tipo de isolamento e até a descrença na força do coronavírus. Esse são motivos que podem explicar o disparo na disseminação da covid-19 nos últimos 25 dias. A região Nordeste do Rio Grande do Sul, com os 65 municípios da área de abrangência do Pioneiro, atingiu nesta quinta-feira (25) a marca de 5.111 exames positivos para o coronavírus – são 2.879 pessoas que contraíram o vírus apenas no mês de junho –, sendo que 77% são considerados recuperados e 79 mortes foram registradas.
Leia mais
Acompanhe os casos confirmados na Serra
Sétimo paciente com coronavírus recebe plasma convalescente em Caxias do Sul
Moradores de Protásio Alves estão assustados com número de infectados
Em 11 de março, Caxias teve o primeiro paciente confirmado. Desde então, surtos, de pequenas ou de grandes proporções preocupam e são o principal ponto de proliferação de casos e contágio.
A cidade de Caxias do Sul, epicentro da disseminação na Serra no atual momento, tem mais de 400 funcionários da JBS que testaram positivo para a covid-19, segundo dados do Ministério Público do Trabalho. Porém, até quinta, a Secretaria Municipal da Saúde somava 241 na contagem oficial. O município ainda tem, pelo menos, outros 15 surtos, envolvendo empresas e instituições de outras áreas.
Em Garibaldi, segundo os dados da Secretaria Estadual, foram três locais que apresentaram surtos e 1.005 funcionários, de vários municípios, infectados. Em Nova Araçá, 497 pessoas foram contaminadas no frigorífico local. São dados que podem pesar e muito para que o crescimento siga constante durante os meses de inverno, quando era esperado o pico da doença.
DISSEMINAÇÃO ALTA
A circulação de pessoas nas ruas também colabora para que o vírus se dissemine. Festas clandestinas e parques lotados aos fins de semanas são outros vetores para o Sars-Cov-2. Pequenas cidades estão vendo os números de exames positivos crescerem diariamente, mostrando que os moradores tinham pouca crença de que a doença iria chegar tão longe.
— (As pessoas) Não estão se cuidando. Têm festas e jogos clandestinos ocorrendo. Eles não estão acreditando muito na doença — avalia Juliana Fossa Maschio, secretária da Saúde de Guaporé, onde os casos dobraram em 10 dias.
O prefeito de Veranópolis enrijeceu as medidas nesta semana. Caxias do Sul e Nova Petrópolis também seguiram por esse caminho. A troca para bandeira vermelha fez crescer o número de UTIs e leitos em vários municípios. Ainda assim, falta o apoio de quem mais pode sofrer ali na frente com os efeitos do crescimento de novos casos: a população.
De fato, só o distanciamento social é um remédio efetivo.