Quase um mês após o Pioneiro ter mostrado que a drenagem insuficiente no Km 256 da Rota do Sol, em São Francisco de Paula, pode ter provocado acidentes graves, o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagens (Daer) realizou melhorias. Na tarde desta segunda-feira, uma equipe roçou o mato e limpou uma valeta às margens do Km 256, a 100 metros do Restaurante Sombra Nativa, na localidade de Aratinga.
A intervenção foi rápida, durou pouco mais de uma hora, mas era aguardada havia mais de dois anos pelos moradores do entorno e pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE)
O ponto é considerado traiçoeiro pela vizinhança: em três anos, nove pessoas morreram em colisões supostamente provocadas por aquaplanagem (quando o pneu do carro perde aderência do solo por causa da água na pista e se desgoverna).
Todas as vítimas dos acidentes fatais do Km 256 transitavam no sentido Litoral-Serra e bateram de frente em veículos que seguiam no sentido contrário, próximo a uma curva. O caso mais recente matou o casal João Alcione Covolan, 73 anos, e Maria Luiza Covolan, 66, no dia 19 de fevereiro (foto abaixo). A PRE e vizinhos da curva já haviam relatado os defeitos ao Daer. A intervenção mais forte foi realizada há cerca de três anos, quando uma equipe cavou valeta às margens da pista para desviar parte da precipitação. De lá para cá, o canal ficou tomado por terra, mato e sujeira. Sem ter para onde escorrer, o excesso da chuva invadia a pista e formava uma camada de água numa extensão de cerca de 30 metros, conforme relatos de moradores e da PRE.
A comerciante Eronilda Pimentel Aguiar, 55 anos, que já testemunhou todos os acidentes, se sente aliviada:
- Se eles abriram a vale direitinho termina com a aquaplanagem. Quando foi feito o asfalto não tinha aquaplanagem. Isso só começou depois que as valetas encheram de terra. Me sinto bem tranquila.
O superintendente regional do Daer em São Francisco de Paula, Vagner Seerig, avalia a obra como importante, mas desconhece aquaplanagem na pista:
- Estive pessoalmente na semana passada num dia de chuva torrencial. Fiquei 20 minutos observando aquele trecho e não detectei acúmulo de água na pista. Havia isso no acostamento, mas não na pista. Não creio que os acidentes foram provocados por aquaplanagem. Ainda assim, providenciamos a desobstrução da valeta - explica Seerig.
MORTES NO KM 256
24 de janeiro de 2012
O Gol conduzido por Arceu Webber, 51, aquaplanou e atingiu uma carreta. Morreram a mulher dele, Maristela Argente Webber, 48, e a sobrinha, Giovanna Argenta Durante, 12. O fim repentino da família comoveu Flores da Cunha. Os três voltavam de Arroio do Sal, onde costumavam veranear todos os anos. Webber e a mulher eram de Caxias, mas residiam há 20 anos em Flores.
14 de fevereiro de 2013
Giovani Azevedo da Cruz, 20, e a amiga Grace Franco Nogueira Boccadamo, 35, saíram de Arroio Teixeira, em Capão da Canoa, para buscar um medicamento para um tio dela tio em outra cidade. Pouco antes das 15h, o Palio conduzido por Cruz aquaplanou e invadiu a pista contrária, batendo num caminhão. Os dois morreram na hora. Natural de Barão, Grace morava havia 15 anos em Lugano, na Suíça. Vivia com os três filhos, de 15, nove e sete anos, a mãe e a irmã na Europa. Cruz era natural de Capão da Canoa, planejava abrir uma eletrônica.
10 de outubro de 2012.
O Gol dirigido por Eduardo Cunha dos Santos, 63, colidiu frontalmente com um ônibus do Expresso São Marcos. Ele morreu na hora, e o passageiro Alexandre André Pereira, 38, veio a óbito poucos dias depois num hospital. Na época, o motorista do ônibus relatou que arrancava o coletivo quando percebeu o carro aquaplanando na pista.
19 de fevereiro de 2015
João Alcione Covolan, 73, e Maria Luiza Covolan, 66, saíram de Cambará do Sul, e visitariam parentes em São Francisco de Paula. A viagem terminou na curva do Km 256. Conforme o Grupo Rodoviário de Gramado, Covolan teria perdido o controle do Corolla por causa da pista molhada e passou por baixo de uma carreta.
