Corro deliberado risco de ser acusado de leviano, mas assumo dizer sem medo algum que desconfio fortemente que o assalto à Petrobras é só um caso, de muitos, de ataques à coisa pública. Em português claro, creio que outros setores do governo foram ou estão sendo roubados igual à Petrobrás.
A máquina pública brasileira, por ser tão grande e variada, é alvo fácil das quadrilhas, e quadrilhas, sabemos, são artigo que definitivamente não está em falta no mercado.
Também sabemos que quadrilhas se movem mais ágil e facilmente quanto mais bem tramada for a teia em que atuam.
O governo federal mantém o controle de dezenas de empresas estatais (em torno de 150 empresas). A Petrobras, por certo, é uma das principais operações. A petroleira é tão poderosa que mantém sob seu guarda-chuva diversas empresas menores. Tudo isso seria tão somente mérito da Petrobras caso a máscara não jazesse caída aos nossos pés.
As estatais brasileiras movimentam bilhões, fato que deveria ser festejado, jamais lamentado. Não é de hoje, por exemplo, que o BNDES é observado de esguelha porque não explica claramente os critérios que o levam a injetar fortunas no setor X e não no setor Y. Os opositores de Dilma estão colhendo assinaturas para abrir a CPI do BNDES. Tomara consigam investigar o banco, mas de antemão sabemos que sempre haverá resistências no Congresso para mergulhar em qualquer operação do governo.
Por que será, né?
Repito, assumo o risco da leviandade, mas será mesmo que todos os contratos do PAC e do Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, foram celebrados mediante total lisura?
Tomara que sim, mas.
Confesso, o escândalo da Petrobras atualmente em cartaz só faz aumentar as desconfianças que sempre nutri em relação aos assuntos que envolvem governos e empresas públicas e privadas.
Ponho a cara à tapa desconfiando de quase tudo, mas não arrisco apostar que outros casos virão à tona igual veio à tona o caso Petrobras.
Espero estar errado.
Opinião
Gilberto Blume: o escândalo da Petrobras só faz aumentar as desconfianças sobre a relação público-privada
Ponho a cara à tapa desconfiando de quase tudo
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