Gilberto Blume: alô, alô, marciano/ Aqui quem fala é da Terra/ Pra variar estamos em guerra/ Você não imagina a loucura...

Sugestão aos 17 leitores da coluna: leiam esta ouvindo Alô, Alô, Marciano, com Elis Regina.

As moções que raramente tem aplicação prática e que a Câmara de Vereadores é especialista em aprovar, geralmente por unanimidade porque vereador algum quer sair mal na foto, nesta semana tiveram um capítulo especial. A moção de apoio e defesa à Petrobras proposta por Henrique Silva (PCdoB) foi derrubada. O placar: 9 contrários x 3 favoráveis. Onze não votaram. Fique claro: vereador algum diz ser contrário à Petrobras propriamente. A rejeição é ao teor da moção. O comunista disse que defende a punição da quadrilha que limpou a Petrobras, mas queria ver aprovada sua visão particular da Operação Lava-Jato.

Segundo o vereador, o caso de polícia pode ser resumido em:

- Tentativa de entregar a estatal ao capital estrangeiro;
- Manobras de partidos, da mídia e do Judiciário para privatizar a Petrobras;
- Tentativa de golpe para derrubar a presidente Dilma.

Além do próprio voto, Henrique obteve o sim de Denise Pessôa (PT) e de Kiko Girardi(PT). Rodrigo Beltrão (PT), que completa o quarteto oposicionista, não votou. Daniel Guerra (PRB), com a habitual franqueza, disse que a aprovação da moção carimbaria a tarja "ridículo" na Câmara de Caxias. Renato Nunes (PRB) resumiu a ópera: o conteúdo da moção é confuso.

Outros vereadores mais se posicionaram, em nova mostra de que o parlamento consome tempo e energia demais debatendo temas natimortos. As moções são importantes? Talvez, às vezes são a única forma de homenagear algum cidadão, algum trabalho, iniciativa.

Agora, combinemos: uma moção fantasiosa, sem prova do que defende e acusa e aprovada nos confins de Caxias não faria sequer cócegas na Operação Lava-Jato.

Parabéns aos vereadores que desta vez não morderam a isca.

"Alô, alô, marciano/ A crise tá virando zona/ Cada um por si todo mundo na lona/ E lá se foi a mordomia/ Tem muito rei aí pedindo alforria porque/ Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down"