Mesmo que a prefeitura argumente que a novidade traria investimentos e empregos para a cidade, a comunidade de São Francisco de Paula é contrária à construção de estabelecimentos turísticos na beira do Lago São Bernardo, cartão-postal de São Chico.
Na segunda-feira, um projeto de lei encaminhado pelo prefeito Antônio Juarez Hampel Schlichting (PTB) que regra a construção de prédios e espaços com finalidades turísticas ao redor do lago será votado na Câmara de Vereadores. Na noite da quinta-feira, cerca de 700 pessoas compareceram à audiência pública organizada pela Câmara e votaram simbolicamente. O resultado foi de 500 manifestações contrárias à permissão para construir no lago e 70 favoráveis. Na ocasião, sete dos nove vereadores prometeram votar contra durante a sessão da próxima segunda-feira.
A lei municipal 2727, de 28 de janeiro de 2011, já autoriza construções ao redor do espaço. Entretanto, o adendo proposto pelo atual prefeito define que sejam estabelecimentos com espaço superior a 300 metros quadrados e que se enquadrem nos segmentos de hotelaria e alimentação.
- Não consigo entender quem é contra algo que vai aumentar empregos e fomentar o turismo. Hoje quem vai visitar o lago não encontra nem onde comprar um lanche - exemplifica o prefeito.
Duas empresas apresentaram propostas para a prefeitura. Uma delas projeta um complexo multidisciplinar de quatro andares com restaurante, boate, auditório e outras atrações, como academia de ginástica. Ela ficaria cerca de 50 metros distante da beira do lago. O outro seria em um hotel de alto padrão. Para erguê-lo, empresários de fora da cidade investiriam R$ 10 milhões.
O presidente da Câmara de Vereadores, Itamar de Leon (PDT), é uma das lideranças que defende a preservação do espaço. Nos últimos 15 dias, ele afirma ter batido de porta em porta para convencer a população a comparecer na audiência pública.
- Nós temos exemplos no Estado, como o Lago Negro, que viram entulhos de concreto. A natureza não é preservada nestes casos. Nós queremos que a riqueza seja preservada e não que grandes investidores a explorem - defende.
Presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente, Margarete Medeiros Marques é categórica:
- É uma área de preservação permanente (APP). Queremos que o lugar receba construção de banheiros, quiosques de informação aos turistas, e não grandes hotéis - afirma.
Polêmica
Comunidade de São Francisco de Paula é contra construções turísticas no entorno do Lago São Bernardo
Empresas projetaram à prefeitura construções de hotel e complexo com restaurante, boate e auditório
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