O plano Brasil sem Miséria anunciado no dia 2 de junho pela presidente Dilma Rousseff soa como um alento para os milhares de homens, mulheres e crianças mergulhados na extrema pobreza em Caxias do Sul. Mas retirar famílias inteiras dessa zona de privação e alçá-las a uma posição mais digna requer um esforço sem precedentes.
Os números do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) revelam porque essa tarefa é descomunal: pelo menos 10 mil famílias estão excluídas de programas sociais do governo federal no município.
Boa parte delas pode estar recebendo até R$ 70 por mês, mora em barracos, não tem água encanada ou energia elétrica. Seus nomes e endereços, porém, sequer constam no cadastro único da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania. Seja por falta de informações sobre direitos básicos ou porque o poder público não chega até elas.
Esse grupo, que é o principal foco do plano de Dilma, foi detectado a partir da combinação do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano 2000, e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2006), entre outros indicadores.
Obviamente, a quantidade de miseráveis é superior aos dados oficiais uma vez que a população aumentou consideravelmente com a chegada de inúmeras famílias de outras regiões em busca de oportunidades em Caxias. A lista dos excluídos tem, por exemplo, migrantes, ciganos, moradores de áreas rurais ou de rua.
Por outro lado, a cidade abriga aproximadamente 10,8 mil famílias conhecidas que vivem com uma renda média de até R$ 140 per capita na periferia de Caxias. Os dados são referentes a janeiro.
Embora 63% desse total sobreviva com o auxílio do Bolsa-Família, a maioria ainda está bem distante de conquistar a autonomia por vários motivos. Entre eles, a falta de capacitação profissional e a dificuldade de acesso à moradia, saneamento e outros serviços.
- O nosso maior desafio, porém, é encontrar ou fazer vir até nós essas 10 mil pessoas que não temos o nome ou endereço e inclui-las no cadastro. Assim, elas poderão receber benefícios, capacitação para o trabalho e outros direitos - explica a coordenadora do Cadastro Único e do Bolsa-Família em Caxias, Solange Maria Terres Soares.
A campanha para identificar e incluir famílias em extrema pobreza (com renda até R$ 70) vai envolver, principalmente, os setores de assistência social, educação e da saúde em Caxias do Sul.
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10 mil famílias pobres estão excluídas dos programas sociais do governo federal em Caxias
Estimativa é da coordenação do Cadastro Único e do programa Bolsa-Família
Adriano Duarte
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