
Ele tem DNA jaconero, afinal foi no Alfredo Jaconi que Rodrigo Squinalli deu os primeiros passos como profissional da preparação física.
— Eu não era do futebol, era das lutas. Disputava aberto de MMA, estava eu apanhando. Aberto de full contact, estava apanhando. Aí eu tive uma lesão séria na coluna com 22 anos e tive que escolher um esporte ou outro. Foi aí que veio o Juventude. Pedi estágio e foi indo essa loucura até onde estou hoje — revela Squinali.
Aos 46 anos, o preparador físico alviverde relembrou momentos marcantes de sua trajetória, durante entrevista ao Show dos Esportes, da Gaúcha Serra. Como quando esteve no futebol da Ásia, defendo as cores do Jeju United, da Coreia do Sul, e do Bangkok United, da Tailândia.
— Uma coisa que tem muito legal na Ásia é que não trocam uma turma toda a cada temporada. Não saem 20 atletas e chegam outros 20. Você tem que se aperfeiçoar, além do teu convívio com as mesmas pessoas, porque é muito fácil a gente discutir aqui hoje, o ano que vem eu não estou, ou vocês não estão, e eu sigo aqui na minha batida. A gente não tem assim uma relação interpessoal mais obrigatória como se tem lá fora — admitiu Squinalli.
Quarta passagem no Alfredo Jaconi e "não ao Inter"

Em fevereiro do ano passado, Squinalli iniciou sua quarta passagem pelo Juventude para ser auxiliar-técnico científico de Roger Machado, uma vez que a coordenação do preparo físico esteve a cargo do multicampeão Paulo Paixão.
A sintonia com o treinador e a comissão técnica foi tanta que o profissional foi convidado pelo técnico a acompanhá-lo na ida ao Inter no ano passado. Mas, diferentemente de Roger, Paixão e do auxiliar da casa, Adaílton, Squinalli decidiu recusar o convite e permanecer no Alfredo Jaconi.
Apesar de não admitir publicamente a oferta colorada, internamente Squinalli foi cobrado pelos dirigentes a permanecer, uma vez que em 2017 deixou o clube em meio a pré-temporada ao receber uma proposta irrecusável do futebol asiático.
Além disso, a nova infraestrutura oferecida pelo Verdão desde seu retorno também foi determinante para que ele pudesse desenvolver seu melhor trabalho.
— Foi uma mudança grande nesses últimos anos. Os atletas se apresentam no CT. Em 2019, naquela nossa campanha maneira pra caramba na Série C (com o acesso à Série B), a gente ainda pegava o ônibus e íamos pro CT com frio de zero grau. Tinham alguns que ficavam dentro do ônibus batendo o queixo, esperando o ônibus descer pra voltar pro vestiário. Agora você chega e já treina — relembrou Squinalli, que citou o andamento das obras do novo prédio localizado no CT alviverde:
— Agora a academia em si está pronta, mas o CT ainda está em processo, daqui a dois, três meses, acho que estará 100%. Uma coisa inimaginável é que temos piscina dentro do CT pra fazer recuperação. Estamos andando a passos largos de clube de Série A mesmo. E acho que por causa de toda a categoria de base, todo o pessoal, o clima, talvez o que caberia ainda seria um campo sintético, viria bem a calhar.
É um grupo que quer trabalhar, que se entrega, que se tem que tomar remédio ou injeção pra jogar, toma. Acabamos todos os estoques de injeção que tinha para dor, porque estava todo mundo naquela batida
RODRIGO SQUINALLI
Preparador físico do Juventude
Os acertos do Juventude

O Verdão vem de boas campanhas, tanto na Série A, quando garantiu a permanência e beliscou uma vaga à Sul-Americana, como nos Estaduais, onde foi vice em 2024 e quase chegou em mais uma final na edição deste ano.
Squinalli avaliou quais os segredos para o sucesso do clube que tem um dos menores investimentos entre os 20 clubes da Série A, com uma folha salarial na casa dos R$ 3 milhões, mas com resultado de campo.
— Não tem segredo, não. O Juventude acerta muito em contratação de pessoas batalhadoras. Aqui ninguém tem a barriga cheia. Ninguém está com a vida ganha. Apesar de eu achar que daqui a pouco o Nenê já está com a vida ganha (risos), com tudo que ele fez, mas mesmo o Nenê é um também que puxa fila, que não sai de um treino — destacou o preparador físico, que ainda concluiu:
— É um grupo que quer trabalhar, que se entrega, que se tem que tomar remédio ou injeção pra jogar, toma. Ano passado, acabamos todos os estoques de injeção que tinha para dor, porque estava todo mundo naquela batida. Não tem um clube que "vendeu" tantos treinadores como o Juventude nos últimos dois anos. O trabalho é bem feito.
Squinalli ainda não pensa em aposentadoria, apesar de ser especialista em assar galeto e passar pela mente a ideia de abrir um restaurante um dia. Ainda em outra batida, termo que o próprio Squinalli gosta de citar, o profissional prepara fisicamente o grupo de atletas para a disputa de mais um Brasileirão, com estreia marcada para o dia 29, diante do Vitória, no Alfredo Jaconi. Foco total nos treinos que ocorrem no CT do clube.
— Vão chamar Jesus de Genésio (risos). Eles já pegaram o espírito do Juventude e assim nós vamos e, com a bênção de Deus, vamos vir aqui no fim do ano dizer que a gente ficou na Série A, pelo menos — finalizou Squinalli.