Poucas vezes o técnico Jorge Fossati mostrou tanta lucidez. Ele disse, com sabedoria, que o jogo cometido pelo Inter ontem não pode ser analisado pelo resultado. Genial, o uruguaio. De fato, não pode.
A goleada de 4 a 0 foi mesmo decepcionante. E, pior, mentirosa.
Anunciada assim, sem ressalvas, é caso de falsidade ideológica. Projetar um futuro otimista a partir de ontem é falsidade ideológica, ainda mais se o futuro é a Libertadores. Não importa quantos gols o poderoso Universidade levou. O grave é que os erros do time de Fossati seguem se repetindo.
E são erros democráticos. Se manifestam na vitória, no empate e na derrota. O principal deles só pode ser resolvido pelo treinador.
Os jogadores do Inter entregam a bola ao companheiro e dão por encerrada a sua participação no lance.
Mais um pouco e o gesto seguinte será se abaixar para amarrar as chuteiras. Enquanto isso, o pobre diabo que recebeu a bola vê os marcadores chegarem. Um, dois, às vezes três. Puxa para lá, traz de volta, protege com o corpo, e nada de aparecer alguém de vermelho em condições de receber a bola de volta.
Para ficar em um exemplo do Beira-Rio: Tinga. Ele encaminhava o passe e corria para algum lugar vazio em volta. Emprestava dinâmica ao time. Mobilidade. Os outros tinham até vergonha se não agissem da mesma forma.
Por conta destá lógica, o time se multiplicava. As opções de vermelho eram sempre em número maior.
Você não tem a sensação de que o Inter de Fossati sempre entra com gente de menos em relação ao seu adversário? É por isso.
Vou apontar só mais um erro, apenas para não me estender demais. A lentidão.
O Inter é lerdo. Joga devagar, quase parando. Cada movimento é um peso. É fácil de ser marcado. Não há velocidade, nem para o desafogo. Taison poderia ser o velocista capaz de suplantar o zagueiro na corrida, mas nem os dois gols marcados ontem indicam que voltará a ser o que foi.
E o drible? Quem no Inter tem o drible como ferramenta para abrir defesas?
Sempre é possível mudar, é claro. Nunca é tarde. Mas a areia da ampulheta do Inter está escorrendo e tudo parece tão igual como nos cinco jogos sem vitória.
É como ensina a sabedoria de Fossati: não se pode analisar um jogo pelo resultado.
Aí, até uma goleada como a de ontem pode ser uma decepção.
Esportes
Uma goleada que mente
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