
Ainda que tenha registrado menor variação do que os 31,6% percebidos em todo o Estado, a carne bovina ficou mais cara também em Caxias do Sul no mês de março se comparado ao mesmo período do ano passado. A alta na maior cidade da Serra é de em média 14%.
A constatação é do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (Ipes), da Universidade de Caxias do Sul (UCS), que mede o preço de diferentes cortes todos os meses. O filé mignon e a carne moída de segunda são os itens que mais subiram.
Acessível e de consumo maior, a carne moída teve aumento de 25% em Caxias, passou de R$ 28, em março de 2024, para R$ 35, em março deste ano. Já o quilo do filé mignon, que custava em média R$ 73, passou para R$ 86 no mês passado, alta de 17,8%.

A menor variação percebida em âmbito municipal em comparação à estadual é explicada porque na Serra os preços de alguns cortes já estavam mais caros em 2024 em relação à média gaúcha do ano passado.
Dos seis cortes pesquisados pela UFRGS em todo o RS, quatro (carnes moídas de primeira e segunda, filé mignon e alcatra) estavam mais caros em Caxias e dois (costela e picanha) tinham o mesmo preço, segundo a análise do Ipes.
Segundo o doutor em Economia Mosár Leandro Ness, professor pesquisador do Ipes, tradicionalmente Caxias tem preços mais elevados em função da renda municipal ser maior e mais concentrada:
— Isso propicia de uma certa forma a elevação dos preços, mas é bom lembrar que a carne sofreu, ao longo do último ano, o impacto da enchente que afetou o rebanho. Em novembro tivemos uma aceleração do dólar, que demanda um tempo mas se materializa nos preços domésticos. E agora o tarifaço do Trump faz com que o agronegócio brasileiro seja mais demandado pela China. Então, o que aconteceu com o café é possível que se repita com as carnes, porque a China vai demandar mais exportações e isso vai fazer com que na ponta se eleve.

Natural do Rio de Janeiro, o especialista em tecnologia Tiago Parrini, 41, percebeu, assim que chegou em Caxias, há oito anos, que a carne por aqui era mais cara que na cidade natal:
— Carioca consome muito contrafilé e alcatra. Percebi que as coisas têm um valor mais alto aqui, mas nada como a carne, que é uns 20% mais cara. Mas tenho visto que aumentou, gastava uns R$ 60 no que consumo por semana. Atualmente, a mesma quantidade pode chegar até R$ 75.
Cortes mais baratos em Caxias
Depois de quase um ano da enchente, que foi um dos motivos citados pelo economia Mosár Ness para o aumento, os preços dos mesmos cortes em Caxias estão proporcionalmente mais baratos que os pesquisados em âmbito estadual.
Se em março de 2024 a cidade tinha preços mais caros comparados à média estadual, atualmente, ainda de acordo com o Ipes, alcatra, costela, carne moída de primeira e picanha estão mais em conta na Serra.
A inauguração de atacarejos, que trouxeram concorrência ao mercado caxiense, pode, na avaliação de Ness, explicar o aumento não tão expressivo do preço praticado na cidade:
— A partir do ano passado tivemos a inauguração de três atacarejos, que hoje correspondem por uma parcela significativa das vendas de mercadoria. Embora sejam congeladas, as carnes são vendidas por eles a um preço melhor que nas demais redes, e isso colabora para um volume de redução de preço menos significativo. Caxias deixa de ser um centro mais isolado e se torna uma cidade mais desenvolvida em termos de oferta e demanda.