Caxias do Sul registrou crescimento na geração de empregos formais em 2024. Dados divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam um saldo positivo de 6.145 vagas. Ao todo, foram 99.028 admissões contra 92.883 demissões nos últimos 12 meses.
O número total representa um aumento de 83% no saldo de vagas geradas na comparação com 2023, quando foram criados 3.345 postos de trabalho na cidade. Para fins comparativos, em 2023, o dado apresentou recuo 45% em relação a 2022, ano em que a cidade somou 6.086 novas carteiras assinadas.
A empregabilidade, no ano passado, foi puxada pela indústria e pelo setor de serviços, que registraram saldos positivos de 3.502 e 1.789, respectivamente. O comércio, por sua vez, contabilizou 835 carteiras assinadas a mais e a construção civil, 37. A agropecuária foi o único setor caxiense que mais demitiu que contratou nos 12 meses de 2024, ficando com saldo negativo de 18 vagas.
Os dados compilados pela plataforma do governo federal também permitem identificar que somente em dois meses do ano passado o saldo ficou no vermelho, ou seja, mais trabalhadores foram demitidos do que contratados: em maio e em dezembro. O quinto mês do ano, marcado pela crise climática, perdeu 102 postos de trabalho. Dezembro, por sua vez, teve saldo de -2.851 empregos formais. Janeiro (com 1.730 novas vagas), fevereiro (2.831), abril (1.277) e outubro (1.125) foram os meses com o melhor desempenho.
Economista, professora e diretora de Planejamento, Economia e Estatística da CIC Caxias, Maria Carolina Gullo caracteriza 2024 como um ano de boa empregabilidade e de aquecimento para a economia caxiense. Ela observa, no entanto, que o bom desempenho da indústria, por exemplo, vai na contramão do Estado e do país, que não apresentam resultados tão positivos neste setor.
— Nós ainda estamos colhendo frutos em relação aos bons resultados do agronegócio — detalha a economista, em referência à produção de equipamentos e máquinas agrícolas pela indústria metalmecânica da cidade.
Outro ponto, na opinião dela, é um fortalecimento do mercado interno registrado desde a pandemia. As medidas restritivas adotadas por outros países, à época, obrigaram empresas a buscarem fornecedores locais, uma tendência que se mantém e impacta, por consequência, no número de contratações até hoje. Já o avanço no setor de serviços é atribuído ao desejo dos consumidores de "adquirir" experiências.
— O consumidor está preferindo viajar do que comprar um automóvel ou uma casa nova. Está dando mais importância para viver experiências. E isso pega bem a área de serviços. A outra questão é que no momento em que a indústria também está bem, ela leva os serviços junto com ela, porque boa parte dos serviços está atrelado à indústria, ou seja, são complementares — explica Maria Carolina.
Pior desempenho do ano
Em dezembro, todos os setores da economia caxiense tiveram mais demissões do que contratações. O resultado foi a perda de 2.851 postos de trabalho.
O economista Mosár Leandro Ness diz que os dados não surpreendem, porque seguem um movimento natural e até esperado anualmente, a partir dos ajustes que as empresas promovem nos quadros de funcionários.
— Não é uma coisa para ficarmos preocupados. O nosso estoque registrado é superior a 169 mil unidades, ou seja, o tamanho do nosso mercado de trabalho continua sendo pujante e impactante quando observado a longo prazo — opina.
Ness espera que o mercado de trabalho do município alcance o estoque de 170 mil carteiras assinadas ao longo deste ano, embora mantenha certa cautela ao opinar sobre o futuro da economia brasileira nos próximos meses.
— Nossa esperança para esse ano é que a gente consiga manter um padrão de crescimento razoável para a economia brasileira e também para a economia do estado do Rio Grande do Sul e do município. E que o mercado de trabalho não seja tão onerado e que consiga se manter expandindo — finaliza.
Maurilia conseguiu um novo emprego pelo Sine
A auxiliar administrativo Maurilia Gonzaga de Moraes, 46 anos, está entre os trabalhadores que encerraram 2024 com a carteira assinada em Caxias do Sul. Trabalhando há 10 anos na área da saúde, em um laboratório, ela decidiu mudar de área em fevereiro do ano passado e contou com a ajuda da Agência do Sine.
— Eu já estava muito cansada, porque a área da saúde é uma área boa, mas ela desgasta muito. Então, eu pedi demissão e fui procurar outra coisa — conta.
A oportunidade veio a partir de uma postagem nas redes sociais do Sine de Caxias. Maurilia diz que ficou interessada na vaga por não haver a exigência de experiência. Outro motivador foi a função ter carga horária de segunda a sexta-feira — no outro emprego ela trabalhava também aos sábados.
— Foi um ano de muita aprendizado, porque eu entrei em uma função que eu não tinha nenhum conhecimento. Aprendi muito. Além disso, encontrei o cuidado com o ser humano, a preocupação. Acho que isso é o que faz as pessoas fiquem e gostem — comenta.
Quem, assim como Maurilia deseja começar o ano empregado, pode procurar o Sine. A agência está localizada na Rua Bento Gonçalves, 1901, Centro. O horário de funcionamento é das 8h às 12h e das 13h às 17h.