
Diante de um mercado nacional desacelerado e que não apresenta sinais de melhora no curto prazo, boa parte das empresas caxienses agora mira as atenções para territórios internacionais. O dólar alto, ultrapassando a marca de R$ 3,80 em alguns dias, é outro fator que estimula as exportações, já que aumenta a competitividade dos produtos brasileiros. O resultado desse cenário já começou a aparecer: atualmente o mercado externo representa 14,5% das vendas caxienses, enquanto há cerca de um ano não chegava a 9%.
A alta na representatividade, por enquanto, decorre mais em função da queda nas comercializações dentro do Brasil do que propriamente por uma conquista externa. Ao contrário do mercado interno, porém, as exportações contam com projeções positivas para o curto prazo:
- As exportações vão melhorar. Como o Brasil é bastante grande, muitos empresários estavam com aquela visão de "vamos atender primeiro aqui dentro, que é mais fácil, e se precisar vendemos para fora". Então, com essa prioridade, as exportações foram renegadas enquanto o Brasil estava em crescimento e o câmbio também não ajudava. Agora, com a melhora no dólar e queda nas vendas internas, o cenário está mudando - analisa Alexander Messias, diretor de Economia, Finanças e Estatística da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul.
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Segundo o especialista, uma melhora expressiva nas exportações caxienses ainda não apareceu porque desbravar territórios internacionais demanda tempo e dedicação. Prova disso é o setor metalmecânico: como o segmento foi o primeiro atingido pela desaceleração, começou a canalizar forças no mercado externo ainda no ano passado.
O resultado desse esforço, conforme os últimos dados do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), foi um crescimento de 18% nos primeiros sete meses do ano referente às vendas fora do território nacional, contra uma queda geral próxima de 30% no faturamento no mesmo período. A receita da Marcopolo, por exemplo, gigante do setor, cresceu 46,7% no primeiro semestre no quesito exportações a partir do Brasil.
A estratégia de desbravar territórios internacionais, portanto, pode até não solucionar a retração na economia caxiense, mas surge como melhor forma para amenizar os prejuízos enquanto a demanda interna não volta a aquecer.
Incremento de 15% nas vendas externas
Para as empresas caxienses que apostam investimentos no mercado externo, o dólar alto tem sido um alento. Nesse patamar alto, a moeda americana favorece as vendas internacionais de indústrias como a Susin Francescutti, produtora de peças para os mercados automotivo, agrícola e aeronáutico.
Na comparação entre os primeiros oito meses de 2015 com o mesmo período do ano passado, a fabricante de virabrequins e comandos de válvulas obteve um incremento de 15% nas exportações. Com isso, 40% do faturamento da empresa envolve vendas para outros países e continentes.
- Em relação ao mercado interno, pela situação atual, nós tivemos uma queda (no faturamento). Então, a exportação vem compensar essa queda. Não chega a compensar plenamente, mas realmente dá um alívio para a empresa nesse momento - diz o gerente de vendas Fernando Susin.
Segundo ele, este é um bom momento para reconquistar a exportação de linhas de produtos que tinham sido perdidas para China e Índia, por exemplo. Como a empresa exporta há quase 30 anos, a principal aposta é aumentar a presença em mercados já conquistados como Estados Unidos, Europa, América Latina, Oriente Médio e África.
Susin afirma que a previsão para os próximos meses é que ocorra um aumento no preço de máquinas e do aço, que são dolarizados. Apesar disso, a projeção é que a empresa continuará beneficiada por este cenário. A estratégia, de acordo com o gerente de vendas, é investir em tecnologia continuamente para ganhar mercado com base na qualidade.
- Nosso segredo é investir sempre, não perder clientes. Então, se tu não conseguir ao menos manter toda tua linha ativa, tem de escolher alguns produtos que você possa continuar vendendo para o exterior para não perder esse link, porque uma vez que você perdeu cliente, perdeu mercado, não volta tão fácil - ensina.
A Susin Francescutti produz, por mês, seis mil virabrequins e cinco mil comandos de válvulas. Conta com 300 funcionários e fatura em média, por ano, R$ 100 milhões.