Uma palavra polissêmica se encarrega de dar nome ao espetáculo P-U-N-C-H, que será apresentado sábado, no Teatro Pedro Parenti. A pluralidade de sentidos serve para abarcar facetas sobre o horror do Holocausto, encenada sobre a polêmica aliança entre a IBM e a Alemanha nazista de Adolf Hitler.
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Trata-se de uma ópera contemporânea, com uma série de recursos mostrados no palco.
- Há uma linguagem plural, com dança, música, teatro, vídeo, sons eletroacústicos... E a ópera é a linguagem multimídia por excelência, mas, nesse caso, não há libreto, personagens ou narrativa linear - explica o diretor e compositor do trabalho, o porto-alegrense Christian Benvenuti.
A orquestra com 10 músicos, regidos por ele, está integrada à cena - a tradição operística exigiria que ela estivesse em um fosso. No palco, além de atores, músicos e bailarinos, aparecem depoimentos de vítimas, sons gravados em campos de concentração, em documentários e discursos realizados durante a 2ª Guerra Mundial.
A reunião do material surgiu numa espécie de "busca obsessiva" do compositor, depois de ter acesso ao livro IBM e o Holocausto, escrita pelo jornalista Edwin Black, sobre as relações entre a gigante norte-americana de tecnologia e a Alemanha nazista, em 2007. Ficou incomodado desde então e quatro anos depois começou a escrever as primeiras músicas - Benvenuti é doutor em composição musical pela Universidade de Surrey, na Inglaterra, com pós-doutorado em andamento na Universidade Federal do Paraná.
A história, revelada pelo trabalho investigativo do jornalista, descreve de que forma o partido nazista contratou a IBM para saber quem, quantos eram e onde estavam judeus, ciganos, portadores de deficiência física e mental, homossexuais, prisioneiros políticos, religiosos, entre outros.
A empresa norte-americana desenvolveu, produziu e acompanhou a implementação de sistemas automatizados de informação, baseados em cartões perfurados, que auxiliaram Hitler a ser mais rápido, eficiente e organizado.
Para apresentar esse enredo, P-U-N-C-H está estruturada em três atos - A corpora­ção, O gueto e O campo -, explorando três significados da palavra punch em inglês: "inserir informação ao pressionar um botão ou perfurar um cartão", "conduzir gado, empurrando-o com uma vara" e "golpear com o punho".
Há momentos tensos no espetáculo, como a cena em que uma integrante toca guitarra ao vivo e outro artista tem o cabelo raspado ao vivo.
- O resto, não posso contar. Não sou um compositor que dá spoiler - brinca.- Recomendo a todos que queiram assistir a algo diferente. Punch é uma história, não é um documentário - completa o criador.
PROGRAME-SE
:: O que: ópera contemporânea P-U-N-C-H
:: Quando: sábado, às 20h
:: Onde: Teatro Pedro Parenti da Casa da Cultura (Rua Dr. Montaury, 1.333 - Centro)
:: Quanto: R$ 20. Estudantes, idosos, classe artística e servidores públicos municipais pagam R$ 10
A PEÇA
Direção: Christian Benvenuti
Duração: 1h40min
Gênero: ópera contemporânea
Classificação: 14 anos
Diversão
Ópera contemporânea "P-U-N-C-H" será apresentada sábado, em Caxias
Pela primeira vez na cidade, obra será mostrada no Teatro Pedro Parenti
Tríssia Ordovás Sartori
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