Em uma noite fria de junho de 1984, Honeyde Bertussi e Omair Trindade apresentaram-se na estreia do Paiol Espaço Nativo e, ainda sem saber, inauguravam um palco que se tornaria histórico na cidade. Ao longo de duas décadas, passaram por lá artistas como Leopoldo Rassier, Cesar Passarinho, Zé Cláudio Machado e, hoje à noite, recebe Luiz Marenco mais uma vez.
- A criação do Paiol foi um momento iluminado, que se tornou uma legenda cultural e um palco importantíssimo na Serra. Ele serve para alavancar a cultura gaúcha, seja na gastronomia ou no espetáculo - afirma Trindade.
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Os irmãos Jean e Voltaire Finkler, que eram acostumados às lidas do campo e às caçadas do pai em fazendas, tiveram a ideia de montar o bar e não ganharam crédito nem dos amigos. Não deram bola e resolveram construir o Paiol em meio às residências da família - as mesas, os bancos, as prateleiras e até o bar foram forjados manualmente pela dupla. Os objetos antigos espalhados pelo bar foram garimpados em antiquários ao longo dos anos e também se tornaram características do lugar. Mas a intenção inicial nem era enchê-lo de badulaques. Aliás, não deveria dar tempo.
- A gente pensava em montar o bar, trabalhar cinco anos para tirar o investimento, comprar um barco e viajar pelo mundo. Mas, nesse meio tempo, os planos mudaram - conta Voltaire.
Graças à mudança, o proprietário orgulha-se de ser o primeiro bar da cidade a introduzir bandas no palco, fugindo do estilo intimista "banquinho e violão", bem como a venda de cachacinhas artesanais às mulheres. Explica que, como a bebida é um costume da fronteira, e as do Paiol são feitas por infusão de frutas e ervas, cada uma com tempo de maturação diferente.
- Ah, e também fomos o primeiro bar a ter uma banda de reggae se apresentando, a Tribo da Lua. Foi muito legal - conta.
Bebeto Alves e suas milongas também passaram por lá, embora fujam do estilo nativista. Oswaldir e Carlos Magrão, César Oliveira e Rogério Melo, Joca Martins, Xiruzinho, Davi Menezes Jr (aquele do hit Morocha), Jorge Guedes, Pedro Ortaça, Leo Almeida, Mano Lima, Wilson Paim, entre outros.
- Ficávamos de olho na repercussão da Califórnia da Canção para convidar os músicos - recorda.
Vinte anos depois, já dá para eleger a música favorita dos frequentadores, que têm a oportunidade de pedi-la.
- Tordilho Negro! A gente deixa acumular os pedidos, senão a cada três músicas a banda teria que tocá-la - brinca.
Para acompanhar as canções, o público que não quer saber das cachacinhas elege o chimarrão. A erva mate utilizada vai para uma composteira nos fundos da casa, que é vizinha ao Paiol.
- Isso tudo ainda me encanta, por ser um bar histórico, por conseguir manter a química no que faço - completa Voltaire.
PROGRAME-SE
O que: show de Luiz Marenco
Quando: nesta quinta, às 22h30min. O bar abre às 20h
Onde: Paiol Espaço Nativo
Informações: (54) 3213.1774 e 9971.3085
História
Paiol Espaço Nativo, em Caxias, completa 20 anos
Luiz Marenco faz show de comemoração na noite desta quinta
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