Um monte de gente saiu para ver o eclipse da lua, na madrugada da segunda-feira passada. Surgiram muitas fotos nas redes sociais – não basta assistir, é preciso compartilhar, né? – e muitos se encantaram com a imagem da lua cheia avermelhada, que o fenômeno a fez parecer relativamente maior do que o normal e ser chamada de "superlua". É lindo e é difícil de resistir a um acontecimento como esse.
E vejam como isso é interessante: nós até nos preparamos para esses momentos e, porque nos preparamos, paramos para observá-los e também para os aproveitar. Não há nada de estranho nisso. Mas não seria lindo se conseguíssemos fazer o mesmo exercício de contemplação para o sol, que aparece reluzente quase todos os dias? Mas é isso: ele costuma estar aqui e, de tão comum, não o notamos. Ou percebemos e fazemos críticas, do tipo
"nossa, esse sol está muito quente" ou para reclamar das queimaduras que ele provoca na pele após uma exposição sem filtro solar. A parte boa? Lagartear em um dia de temperaturas amenas, estimular a produção de vitamina D e ver a dança das roupas no varal secando ao ar livre, para ser bem reducionista.
Conversando com um senhor no balcão de um restaurante, ele refletia sobre como era importante estar trabalho, apesar das dificuldades enfrentadas durante a jornada diária. Trocamos impressões sobre isso e, quando me dei conta, ele estava comentando que há alguns anos precisou ficar hospitalizado por conta de uma pequena cirurgia. O quarto dele tinha vista para um jardim. Da cama, observava os jardineiros trabalhando sob o sol.
— Eu só conseguia pensar: eles sim é que são felizes, estão ali trabalhando. Estou aqui numa cama e não consigo fazer nada. Foi um ensinamento maravilhoso, que levei para a vida — completou.
Apesar de simples, é uma baita lição.
Nas aulas de ioga que fiz anos atrás, costumávamos fazer a Saudação ao Sol – ou Surya Namaskar –, um conjunto de 12 asanas (posturas). Elas são realizadas em uma sequência bem dinâmica, sincronizando movimento e respiração. O exercício carrega um significado de invocação energia e agradecimento à vida.
Tomo o exemplo dessa atividade para mostrar que é possível a celebração do comum, do ordinário. Vibrar com a presença do sol é manifestar gratidão por estarmos aqui, com todas as nossas possibilidades de contemplá-lo e absorver seu calor.
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