O baque da chegada de uma pandemia que atingiu em cheio o setor cultural cruzou 2020 para 2021. A diferença é que, neste ano que se encerra, foi possível viabilizar bem mais projetos artísticos, muito em função dos recursos aplicados via Lei Aldir Blanc ou outras ferramentas de fomento que foram surgindo. Este cenário germinou diversas novidades culturais, algumas já nascidas sob o espectro do distanciamento social, como a 100% virtual Teatro para Todos ou a híbrida AnarcoQueer.
A partir da chegada da vacina contra a covid-19, iniciou a tão sonhada retomada. A prudência deu o tom em iniciativas como o Aldeia Sesc e a Feira do Livro de Caxias, que mantiveram ações virtuais, mas também promoveram reencontros culturais emocionantes na Estação Férrea e na Praça Dante, respectivamente. Apesar do futuro ainda turvo – com novas variantes e afins – a certeza que fica é de que a cultura se reinventa, se molda para poder encontrar seu público. Mas, para isso, precisa ser respeitada e mantida como a força propulsora que é.
Destaque positivos
- A reabertura do Reffugio Cafe, espaço de ativismo LGBT+ e incentivador das artes.
- A projeção dos estilistas João Maraschin, na Semana de Moda de Londres; e Fabrício de Prá (Rico Bracco), na Semana da Moda de Milão.
- A atuação da Fluência Casa Hip Hop.
- O Criação e Formação - Diversidade das Culturas, realizado pela Fundação Marcopolo, se tornou o maior edital de cultura já realizado no Estado, beneficiando 67 iniciativas só na Serra.
- O Instituto de Leitura Quindim e suas ações em diferentes plataformas, incluindo a estreia do Quintal da Língua Portuguesa e Ateliê Araçari.
- As reuniões de escuta realizadas pela secretária da Cultura de Caxias, Aline Zilli, com diferentes setores contemplados pela pasta.
- A produtora Caliandra Troian esteve à frente de iniciativas importantes como o Verão Cultural, o Teatro em Família, o espetáculo Uma História de Natal e o inédito festival Flow, uma das novidades mais festejadas do ano.
- A chegada das marcas Criolada e Prisma Inverso, unindo moda com bandeiras importantes.
- O farroupilhense Luciano Cadô fez sucesso na versão francesa do reality The Voice.
- A caxiense Pâmela Grassi teve ilustração exposta em Nova York.
- A conclusão das obras do Centro Cultural de Tuiuty, em Bento.
- A representatividade de produtoras audiovisuais como a Makaveli Films, nas criações relacionadas ao hip hop; e a TranseLab, investindo em temáticas como a dos refugiados e dos negros.
- Os artistas Mateus di Macedo e L. Richard, projetando a arte da mágica.
- O projeto Feito na Serra Gaúcha destacou o potencial local para a moda autoral.
- O escritor José Clemente Pozenato dedicou-se a diversas atividades alusivas aos 700 anos da morte de Dante Alighieri e também abriu sua própria editora de livros.
- Os mais de R$ 500 mil recebidos por artistas de Caxias no edital Ações Culturais das Comunidades.
- O projeto Fora da Ordem, que valorizou artistas visuais locais em período pandêmico.
- O aumento significativo no valor oferecido pelo edital do Financiarte 2021.
- O livro Tanta Chuva no Céu, do caxiense Volnei Canônica, conquistou o prêmio Selo Distinção Cátedra Unesco de Leitura.
- O projeto Música na Porta da Tua Casa promoveu encontros emocionantes.
- A periferia conquistou mais espaços por meio de parcerias entre o rapper Chiquinho Divilas com projetos do Vivacidade e do Instituto SAMbA.
- A abertura do Centro Cultural Didarte, em Garibaldi.
- A 1º Noite Caxiense de Museus, aproximando os caxienses de seus acervos de memória.
- O Rock Contra a Fome, do Coletivo Autoria, de Farroupilha, e outras tantas ações solidárias protagonizadas por artistas da região durante o momento pandêmico de dificuldades extremas.
- O farroupilhense Juliano Moreira reafirmou sua relevância junto ao grupo Melim estreando como vocalista numa gravação da banda.
- O ativismo e o talento autoral de artistas como Charles Frutas e Patrick Oderiê.
- A visibilidade de Antônio Prado e São Francisco de Paula, servindo novamente de cenário para a série Desalma.
- A continuidade de projetos muito relevantes como o Cultura Hip Hop nas Escolas, o SAMba Território, o CineSerra, a Mostra Tum Tum e o Aldeia Sesc, em Caxias; além do Paralelo Festival, em São Francisco de Paula.
- O virtual ainda rendendo bons frutos, como as lives do Trilhando a Diversidade na Sala de Aula.
- A atuação da Unidade de Artes Visuais, com ações inventivas como o UAV Labs e o Educativo UAV, além da já bem consolidada UAV Digital.
- A incursão de Rafa Gubert e Tita Sachet em estúdio, investindo no autoral.
- Os projetos Pelas Janelas Delas, Pra Todos Mostra de Filmes e Oficinas Acessíveis de História da Arte no Brasil, que criaram pontes entre a arte e a acessibilidade.
- O Muscap reforçou sua vocação voltada ao humano e ao social em projetos como Sketches -Desenhando a História, e Mulheres e a Arte.
- As inquietudes artísticas da Cia Municipal de Dança.
- O grafite pintando cada vez mais paisagens, como a empena no bairro de Lourdes, em Caxias; o Morro da Cruz, em Jaquirana; a vinícola Viapiana, em Flores; ou o muro de 800 metros, em Bento. Destaque ainda para as cores recebidas nos canteiros do bairro Belo Horizonte e na escadaria do Beltrão de Queiróz.
- O projeto Artistas Brasileiros: Aproximações com a Academia promoveu palestra aberta com Vik Muniz.
- A identidade e a cultura caingangue que habitam a região de Canela retratadas em livro, documentário e exposição fotográfica.
- O artista Lucas Leite selecionado para o Terceiro Salão Latino-americano de Gravura Palestina Libre, na Argentina.
- O Museu Municipal abraçou a artista visual urbana Teca.
- O perfil caxiense @pabloeveronica conquistou quase dois milhões de seguidores no TikTok.
- O Espaço Gastronômico Tubuna, em Bento, ganhou galeria de arte.
- A retomada da UCS Orquestra, ainda que em formato menor.
- A abertura do Mátria Parque de Flores, novo empreendimento turístico de peso na Serra.
- O Edital Salve! ofereceu R$ 800 mil em auxílio aos trabalhadores da cultura de Caxias.
- O sucesso da segunda edição do Sálvia -Festival da Arte, Cultura e Gastronomia de Caxias.
- O caxiense Shai Kolcholinski escolhido como Mister Trans Rio Grande do Sul.
- A estreia presencial do Bento Jazz & Wine Festival.
- A união de forças entre o público e o privado que garantiu o Grande Espetáculo de Natal Magnabosco.
- A bento-gonçalvense Natalia Borges Polesso conquistou seu terceiro prêmio Jabuti.
- A mulher trans e travesti caxiense Márcie Vieira conquistou projeção de seu trabalho tanto na área das artes como na área da pesquisa.
- Os artistas Eloy Fritsh e W. Negro representaram Caxias entre os vencedores do Açorianos de Música.
- O caxiense Eduardo Andrigo roteirizou episódio de série de animação do Globoplay.
- As resoluções da Semana Municipal do Hip Hop, como a reunião histórica das gurias ligadas ao movimento.
- A expansão dos bazares protagonizados por criadores locais e autorais.
- O Reality DOM, destacando o universo gospel.
- O caxiense Hermes Lopes compôs a canção vencedora da Califórnia da Canção Nativa.
- Os documentários De que lado que tu samba?, Meu Chão e Berimbauzeiro destacaram a importância do samba e da cultura afro na região.
Destaques negativos
- A incerteza que ronda o prédio histórico do Moinho Covolan, em Farroupilha. Mesmo com tombamento aprovado, há ainda a chance de a comunidade perder o espaço.
- O fim da Fundação Cultural de Canela.
- O erro no texto do edital Criação e Formação - Diversidade das Culturas que gerou transtorno a parte dos participantes da sigla LGBT+.
- O atraso nos pagamentos aos selecionados no edital Trajetórias Culturais - Mestra Sirley Amaro, realizado pela Secretaria da Cultura do Estado, também atingiu a Serra.
- A não digitalização da Sala Ulysses Geremia.
- O ataque virtual de cunho homofóbico sofrido pelo músico Charles Frutas.
- A redução no corpo de músicos da Orquestra Municipal de Sopros de Caxias.
- A demora no processo do Financiarte, que vai realizar o pagamento dos contemplados somente no ano que vem.
- A proibição do evento Carnaval é Logo Ali levantou novamente o perigoso embate entre crenças religiosas e cultura, em Caxias.