Ela aprendeu. E se você me permite, aprenda também. Porque o tempo, esse mestre cruel e certeiro, não dá escolha: ou você se dobra ou se quebra. E ela, que já caiu tantas vezes, decidiu ser como bambu: dança ao vento, mas nunca se parte.
A mulher-mãe-trabalhadora, essa que atravessa ruas com a conta no vermelho e a cabeça fervilhando de prazos e responsabilidades, não teme tempestades. Já viveu furacões. Já perdeu o amor, o sono, a paciência e até a esperança por um breve segundo. Mas o tempo, que lhe bate à porta com boletos e cobranças, também ensina que tudo passa. E se tudo passa, nada pode segurá-la para sempre no mesmo lugar.
Ela sabe que recomeçar não é privilégio, é sobrevivência. A queda pode ser feia, mas levantar-se sempre lhe cai bem. O que um dia foi tragédia, amanhã será só lembrança. Como na canção de João Bosco O bêbado e a equilibrista onde a esperança dança na corda bamba de sombrinha, ela também segue. E quando tudo pesa demais, ela encontra refúgio na música, no livro esquecido na cabeceira, no olhar cúmplice de um filho. Entre um café requentado e um ônibus lotado, a vida acontece.
Seus desafios são muitos: a cria que precisa de atenção, o chefe que exige resultados, o coração que ainda acredita no amor, mas teme outra decepção. Ela sente, ela cansa, ela quer parar. Mas não para. Porque quem já sobreviveu a tanta coisa não morre de susto. Aprende a jogar com a sorte e com a mente, treinando o pensamento para não sucumbir à dureza dos dias.
O tempo lhe ensinou que chorar não paga conta, que sofrer não adianta, que esperar não resolve. Então ela age. Move-se, nem sempre com vontade, mas com disciplina. Há momentos em que os sonhos parecem distantes, mas ela aprendeu que persistência é mágica disfarçada de teimosia. Como escreveu Cora Coralina, “Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.” E ela decide, todo dia, seguir em frente.
Ela compreende que ser forte não significa não sentir. Significa continuar apesar do medo, apesar da exaustão. Significa permitir-se uma pausa, mas jamais uma desistência. A vida pode ser implacável, mas ela aprendeu que dentro dela há uma força silenciosa que a empurra sempre um passo além, mesmo quando pensa que não consegue mais. Não é sorte, é resistência.
E você, que me lê agora, já percebeu como a vida tem sua ironia? Como a gente insiste em se preocupar com o que já superou? Quantas vezes achou que não ia conseguir, e conseguiu? Quantas vezes pensou que era o fim, mas era só um capítulo a mais? A verdade, minha cara, é que o mundo pode até tentar dobrá-la, mas você já provou que não se quebra. Então vá, siga. E que nunca lhe falte música, café forte e um pouco de ilusão para fazer da realidade um lugar habitável.