Neste sábado, Marte ingressa em Gêmeos. Até aí, tudo normal: o planeta costuma repetir essa passagem a cada dois anos, que é o tempo de uma volta em torno do Sol. No entanto, desta feita, em vez da média de dois meses em cada signo, Marte permanecerá em Gêmeos por sete meses! Um tempo excepcionalmente longo, por conta do fenômeno da retrogradação. Assim, esse demorado passeio do planeta da afirmação e das batalhas no signo das trocas e das comunicações nos convida a refletir sobre um possível tom mais exaltado nas mentes e nas palavras.
Ninguém precisa saber de Marte e seu efeito impulsivo para constatar que viveremos tempos ásperos por conta das disputas políticas em curso. Tampouco precisamos saber que Marte tocará a Lua geminiana do Brasil – e a conjunção desta com Júpiter – agora no começo de setembro, acalorando emoções e convicções religiosas, pois tal cenário já anda devidamente esboçado. Como Mercúrio, regente de Gêmeos, segue tensionado pelo nebuloso Netuno no mapa do Brasil, não é de hoje que a razão e o diálogo parecem ter dado lugar ao desvario e a cegueiras mentais. Diante desse quadro tóxico e explosivo, como lidar com seu provável agravamento pela atual passagem do senhor da guerra?
Talvez uma boa solução resida na própria essência dual de Gêmeos. Contra a palavra ofensiva, não seria nada inteligente — e Gêmeos rege a inteligência — contra-atacar com um verbo ainda mais contundente, alimentando a fogueira da violência. Então, o signo do esperto Mercúrio precisa adotar uma estratégia para desarmar o belicoso Marte. Contra a palavra armada, sábio seria devolver uma palavra amada. Contra o esgar de ódio, um sorriso. Contra o grito, o silêncio. “Onde queres revólver, sou coqueiro”, já apontou Caetano com sua Lua em Gêmeos.
Eis um bom desafio mental para esses tempos irados: não vibrar na mesma sintonia do opositor. Não se trata de cinismo, que também anda em alta, mas da compreensão de que é preciso agir acima e além do conflito. No zodíaco, um modo de atenuar tensões num determinado signo é meditar sobre os temas do signo complementar. No caso de Gêmeos, Sagitário aponta com sua flecha para o alto, no rumo mais elevado. E um homem santo, o Dalai Lama, observou: “Reagir a uma situação penosa com paciência e tolerância em vez de reagir com raiva e ódio envolve uma moderação atuante, que provém de uma mente forte, provida de autodisciplina”.
A busca de uma autodisciplina mental, capaz de frear disputas inúteis, seria uma tarefa para Gêmeos, a partir de uma visão sagitariana mais sábia. Claro que não é fácil impor disciplina a uma mente que funciona exatamente pelo contato com o ambiente externo. Legítimos territórios geminianos, os meios de comunicação, principalmente as controversas redes sociais, são como campos minados plenos de armadilhas. Para piorar, muitos veículos de comunicação tradicionais repercutem sem curadoria o “buchincho” perigoso de um suposta “voz do povo” nas redes. E o que seja polêmico e impactante se amplifica.
Felizmente, também é assunto de Marte a força para vencer obstáculos. Quem sabe, com ela, nestes meses que se agitam, possamos insistir na disciplina que resiste a agressões gratuitas. Com humor, o Dalai Lama também sugere que, na falta de uma tolerância para com quem nos provoca, “a decisão mais sábia talvez seja a de simplesmente fugir correndo, para muito longe”. Fecho com ele: quero passar longe dos que destilam ódio, enquanto penso no bom combate por um futuro de paz e respeito.