“Mesmo que a Terra não passe da próxima guerra, mesmo assim valeu”. Esse verso é da canção Valeu, de Paulo Leminski. Como estamos sob o signo de Sagitário, regido pelo filosófico e otimista Júpiter, convém louvar o lado bom da vida, ainda que uma dureza sombria impere, ainda que o mundo pareça caminhar para o fim. Outro verso da música: “Valeu encarar essa vida que podia ser melhor”. Sim, apesar dos pesares, a vida vale a pena. Vale, valeu e valerá, até pelas dores que nos tornam mais humildes e sábios. Essa é uma típica atitude sagitariana, que evoca gratidão e bênção. Por sinal, o expansivo poeta Leminski nasceu com o Sol conjunto a Júpiter. Quando a alma não é pequena, tudo vale a pena.
Sagitário rege o sentido que damos a todas as experiências. A vida podia ser melhor? Claro, mas isso não significa focar a atenção somente em seus dissabores. É preciso abrir espaço na alma para a esperança. É preciso crer e dar tempo às coisas. Como cantou Cazuza, que tinha o ascendente em Sagitário: “Mas, se você achar que eu tô derrotado / Saiba que ainda estão rolando os dados / Porque o tempo, o tempo não para”. Pois que rolem os dados da sorte como contraponto a nossa cotidiana metralhadora cheia de mágoas!
A sorte é um tema de Sagitário, e a base dela é uma confiança plena na vida. Se há o caos da desarmonia, também deve haver uma ordem superior a nos proteger e a derramar bênçãos. Se eu creio que, num plano divino, alguém gosta de mim e me ampara, como não ter uma visão mais otimista da vida e, assim, atrair facilidades? É uma premissa religiosa, por envolver a fé no divino, mas a atitude interior é psicológica. Seja crente ou ateu, se sentir merecedor de bênçãos é o primeiro passo para vivê-las.
Abençoar é um rito comum de muitas religiões, como conexão com o transcendente. Um passe espírita, um abraço de axé do orixá, o gesto do pregador ou mesmo o pedido verbal de bênção dos cristãos aos mais velhos são formas de validar esse canal. Minha formação católica tornava obrigatória a bênção de pais e avós ao deitar e ao acordar, e minha mãe ressaltava: “Bênção é bom para quem pede”. Eu me divertia com as diferentes respostas: “Deus te abençoe”, “Deus te dê sorte”, “Deus te dê saúde”. Achava graça daquele tio que soltava, aos risos, um “Deus te dê juízo”. E dormia e acordava confiante na vida.
Com tantas bênçãos recebidas, certamente me sinto abençoado. Esse sentimento positivo conduz a outro tema correlato e igualmente sagitariano: a gratidão. Agradecer faz um bem danado e pode abrir também os canais da sorte. A palavra gratidão até está na moda, com muita gente usando-a em vez do “muito obrigado”. Contudo, mais que a palavra – que se esvazia fácil –, o que vale, de novo, é a atitude interior. Gratidão tem que ser sentida!
Como na linda canção Gracias a la Vida, de Violeta Parra, devemos agradecer à vida pelo tanto que nos deu. Chega de prender o olhar na porção vazia de um copo meio cheio. A vida vale, camarada! Repare ao redor: há muito mais pessoas boas que ruins, há mais gente querendo amor e paz do que os insanos arautos da destruição. Devemos escolher melhor o que alimenta nossa alma.
O mundo anda tão complicado, não faltarão problemas que nos façam reclamar e amaldiçoar. Mas a vida continuará, louca e mágica, valendo a pena ser vivida. Pois a vida mesma é uma bênção. Então, façamos por onde merecê-la. Grato pela atenção a esse texto.
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