Repare: a maioria dos nossos medos não encontra sustentação na realidade, só na imaginação. Os antigos filósofos gregos nos alertavam que sofremos bem mais pelas coisas que não acontecem, ao invés de direcionar a capacidade e inteligência tentando combater o que de fato nos impede de viver bem. Até as pessoas mais equipadas emocionalmente se entregam a essa armadilha. Somos seres atrelados ao devaneio e mesmo quando a razão nos diz serem certos temores da ordem do improvável, gastamos preciosas horas alimentando-os com uma angústia estéril. Dar-se conta desse desperdício, da incapacidade em organizar a existência a partir das ofertas do momento, acaba nos alijando de muitas instâncias felizes. No outro extremo, ancorando a capacidade de estar colado no presente, está a chave para abrir a porta rumo a uma consciência mais plena. Isso parece estar no centro de quase todas as religiões. O tempo de cada um aqui é curto, mas suficientemente longo para extrair dele valiosas lições para chegarmos à maturidade um pouco menos tolos. E fazer isso pelo simples prazer de estarmos nos moldando como seres humanos melhores, não necessariamente para investir numa possível eternidade.
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Opinião
Medos imaginários
O tempo de cada um aqui é curto, mas suficientemente longo para extrair dele valiosas lições para chegarmos à maturidade um pouco menos tolos
Gilmar Marcílio
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