Aconteceu assim, em uma quarta-feira qualquer. Eu participava de um evento, começo da noite. Muita conversa, todos falando alto, distribuindo opiniões. Ambiente agradável, mas saturado. Queria me esconder dentro de uma bolha de silêncio. Uma espécie de cansaço antecipado, como no poema de Fernando Pessoa. Emocionalmente tranquilo, senti naquele instante que a alegria estava encarcerada. Vontade de mastigar um naco de solidão. Escolhida, desejada. E olha que costumo ter enorme prazer na presença das pessoas. Então, de forma discreta, fui saindo do burburinho para me instalar novamente num espaço de quietude, pois é onde quero morar a maior parte do tempo. E uma sensação de paz se acomodou na alma. Sinto-me confortável na minha companhia. Meus momentos felizes não precisam ser testemunhados, embora me nutra da presença de tanta gente, nutriente essencial do bem-estar. Sei lá, ando meio exausto do excesso de exibição nas redes, de ver gente se promovendo sem parar, transformadas em produto.
Momentos
Opinião
Do tamanho da paz
Aprecio voltar para casa e procuro experimentar uma coisa por vez
Gilmar Marcílio
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