Tudo pode ser dito? Definitivamente não. Conviver com os outros implica equilibrar-se entre a expressão da verdade e algumas omissões verbais, promovendo relacionamentos pacíficos. Tenho me deparado, ao longo da vida, com homens e mulheres arvorando-se o direito do uso irrestrito da sinceridade. Declaram o que pensam, ignorando qualquer filtro. É um ato de coragem, mas também arrogância, pois deixam de levar em consideração como isso afeta seus interlocutores. A sensibilidade deve sempre priorizada. Recuso-me a fazer parte dessa confraria. Busco o comedimento, testando os limites da linguagem usada. É preciso cuidar o quanto uma frase ou opinião impactantes afetam a pessoa com a qual discutimos determinado assunto. Chama-se isso de respeito, uma espécie de valor apartado de uma época que prima pela expansão do eu. Uma habilidade que vamos assimilando ao logo da existência, depois de vários tropeços - instrutivos para a formação do nosso caráter. Conter-se requer disciplina interior e uma boa dose de humildade, freando impulsos egoicos. “Eu posso, eu quero, nada é tão libertador”, afirmam os que se exprimem sem antes analisar a repercussão de suas palavras. Confesso já ter admirado essa capacidade de seguir em frente, longe de me preocupar com a opinião alheia. Hoje acho temerário e esforço-me o máximo possível para agir com delicadeza, fugindo de brigas e atritos de toda ordem.
Equilíbrio
Opinião
Sinceros demais
Não precisamos falsear nada, apenas exercer a prudência
Gilmar Marcílio
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