O ator e diretor Henrique Diaz disse, recentemente, em um podcast: “Assumir a vida é também gostar do fracasso”. Fiquei refletindo bastante a partir dessa afirmação e cheguei à conclusão de me alinhar profundamente com seu pensamento. Explico. Há muitas coisas positivas na época atual e é bom exaltá-las. Porém, a capacidade de tolerar a frustração certamente não está entre elas. E o gosto amargo que nos acompanha ao irmos da sensação de euforia para o de tristeza é difícil de absorver. As redes sociais parecem ser, em grande medida, responsáveis por essa mudança de paradigmas. Lembro de meus pais e minha avó se adaptando com mais facilidade quando alguma situação de perda se instaurava em suas vidas. Eles entendiam ser isso inerente ao humano. Sabiam esperar, colhendo com serenidade a escuridão dos dias impregnados de sofrimento. Não lutavam, aceitando tacitamente o processo e aproveitando para renovar suas forças. Hoje tudo é rápido, embalado na impulsividade e, de preferência, com a obrigação de nos mostrarmos compulsivamente felizes - uma performance impossível, diga-se de passagem. Nessa realidade edulcorada é impensável caber algum tipo de dor - só de sucesso irrestrito e contínuo. Passamos a negar algo inerente à nossa condição.
Resistência
Opinião
Frustre-se
Aprendi, muitas vezes de maneira dolorosa, que a cura para as feridas não contém atalhos
Gilmar Marcílio
Enviar email