Sempre considerei, na teoria e na prática, que a continuidade de um relacionamento saudável depende da capacidade emocional em conseguir se separar dos seres que amamos. Explico. Essa separação é só um hiato, não definitiva. É difícil endossar a ideia tão equivocada do “eu só vou se você for”. A vida é tão ampla e múltipla – impossível uma única criatura nos satisfazer o tempo todo e nos mais variados quesitos. Mas é uma grande felicidade envolver-se com quem desejamos passar os dias a longo prazo. Porém, parece improvável manter essa expectativa em alta quando somos surpreendidos pelo cotidiano e suas mil repetições. Além disso, se algo fica à disposição, normalmente tendemos a diminuir o interesse. É assim, tão previsível. Pois bem. No meu entendimento, raras coisas são tão salutares quanto a aptidão de aprendermos a nos apartar em algumas circunstâncias. É somente um exercício, uma pausa para fortalecer o sentimento. Podemos nos tornar cansativos, exaurindo os demais. Se a “presa” já está em nossa posse, a segurança advinda pode trabalhar contra um projeto longevo de felicidade. De onde se conclui o óbvio, por vezes esquecido: a perspectiva de perder é altamente educativa.
FÉRIAS CONJUGAIS
Notícia
Juntos, mas separados
Pense comigo: ao nos afastarmos de quem amamos, a probabilidade é ser invadido pela saudade
Gilmar Marcílio
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