Nos últimos anos tenho refletido sobre a questão de quais aspectos da vida devem ser colocados de lado por estarem distanciados de um presumível controle. Provavelmente movido pelas leituras de textos da filosofia estoica procurei alargar o discernimento mental, introjetando o processo de aceitação do que deve nos preocupar ou simplesmente seguir seu curso. Passamos tempo demais reclamando de situações sobre às quais não temos ingerência alguma. A natureza é cega e recusa-se a ceder aos desejos pessoais. Castigos ou méritos são consequências das ações humanas. Tudo parece se sustentar no primado de causa e efeito. Pois bem, mais recentemente comecei a jogar luz sobre o quanto podemos, através do empenho individual, mudar os dispositivos internos. Ao longo da existência o cérebro forma uma sucessão de caminhos neurais, ocasionados pelos pensamentos repetitivos. E vamos, maquinalmente, percorrendo sem fim comportamentos idênticos. A expressão “sou assim” deveria ser substituído por “estou assim”. Isso requer um exaustivo trabalho de observação para conseguir promover mudanças neste campo, mas com esforço e tenacidade isso é possível. Já o constatei na prática. Para que essas alterações no modo de agir se realizem é preciso, em primeiro lugar, aplicar-se com afinco. Tantos seguem no piloto automático ou desistem, sem manter a perseverança necessária para alcançar a vitória da racionalidade.
Desejos
Opinião
Sob controle
Hoje sou mais senhor do que escravo dos instintos. Luto para vergá-los à minha vontade
Gilmar Marcílio
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