Dias de reflexão. Por onde passo, me deparo com seres apáticos ou raivosos. Nas ruas, as conversas giram em torno de política, religião e crise. Salvo-me dessa saraivada de sentimentos nefastos consumindo arte. Filmes e livros reavivam em mim a sensação de ainda ser possível seguir acreditando no ser humano. A história é feita de ciclos de apogeu e declínio. Se o momento é complexo, mais uma razão para ir em busca de saídas que fortifiquem a saúde emocional, evitando medicar-se para conseguir ir adiante sem desmoronar. Cada um procura seus recursos de sobrevivência, pois há um limite para suportar a dor sem anestesia. Nunca se deve julgar o mundo interior de ninguém. Felizmente, também esbarro em pessoas que estão convictas de continuar vendo o melhor do que é oferecido na vida. Rasgam, com sua sensibilidade, a espessa parede a separá-las do sol, exultantes pelo fato de estarem saudáveis, manifestando-se com entusiasmo. Acolhendo com otimismo. Se me perguntam como estou, minha resposta costuma ser: muito bem. Parece despertar no interlocutor o desejo de copiar o exemplo. Não quero ser como uma amiga que, ao ouvir o relato de algum fato ruim, responde: “E eu, então, tu nem fazes ideia pelo que passei”. Sua aflição é incomensurável, preferindo encarnar o papel de vítima, alguém destinado a sofrer pela eternidade afora.
Reflexão
Notícia
Paixões alegres e paixões tristes
Tenho tentado escapar dos extremismos, mantendo-me sadio em meio a esse caos testemunhado cotidianamente
Gilmar Marcílio
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