Tenho séria dificuldade em lidar com pessoas que radicalizam suas opiniões. Tanto faz ser no campo político, religioso ou nos gostos pessoais. A história está repleta de casos assim, e muitos deles acabam em guerra, no sentido literal do termo. Fazer qualquer defesa com fúria, rechaçando pensamentos contrários, nunca acaba bem. Podemos ser portadores de verdades relativas, jamais absolutas. Carrego a impressão de ser similar ao estado de paixão: desconsideramos as alegações discrepantes, mesmo se ancoradas na pura razão. Há um entorpecimento da lógica, valendo um estrito ponto de vista. Se alguém tiver essa inclinação e for detentor de algum tipo de poder, tenderá a se tornar ditador. O fanatismo equivale à cegueira, tal é a patologia que costuma tomar conta da mente. O processo de assimilação ou rejeição de determinadas ideias passa pelo crivo das vivências pessoais. O cérebro é esponjoso e vai se alimentando das convicções colhidas aqui e acolá. Somos, por assim dizer, uma bricolagem, e cada fragmento endossa as pregações.
Como lidar com os fanáticos
Se cada um cedesse um pouco e se permitisse analisar os argumentos alheios, testemunharíamos a morte dos extremismos, que ocasionam malefícios das ordens mais variadas
Gilmar Marcílio
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