A ativista americana Glória Steinem passou incontáveis anos lutando pelos direitos e pela dignidade das mulheres. É exemplo máximo de grandeza e coerência em um mundo dominado pela falaciosa superioridade masculina. O filme As vidas de Glória retrata sua existência totalmente focada na conscientização da violência sofrida pelo equivocadamente chamado sexo frágil. Vemos as tantas humilhações a que foi submetida e a brutalidade de poderosos cientes de seus privilégios, que não admitiam o questionamento do papel sedimentado pela tradição milenar. A agressão física foi e ainda é presença constante, sobretudo quando chefetes ordinários se valem de seus cargos para abusar do corpo feminino. Dos movimentos de libertação testemunhados nas últimas gerações, considero o #MeToo um dos mais importantes. Após tanto silenciamento arbitrariamente imposto, finalmente passou-se a denunciar em praça pública o que antes acabava, tristemente, por envergonhar as vítimas. Posso até me esforçar e entender os motivos de certos atos distantes da minha prática, menos o assédio e, horror dos horrores, o estupro. Como se recuperar depois de subjugada a tal ato abominável? Talvez isso só encontre paralelo no crime de pedofilia, passível de prisão perpétua, no meu entendimento.
Todas as Glórias
Como alguém pode se comprazer em afrontar e tornar subserviente quem diz amar?
Apesar dos discursos, da legitimação de direitos pertencendo a toda a raça, sem a exclusividade de um gênero, há muito a caminhar