Algumas palavras, pelo desgaste da repetição, acabam esvaziadas do próprio valor. Cada época elege as suas e as transforma em mantra, como se sempre tivessem estado em nosso imaginário. A beleza inerente empalidece e só percebemos de maneira tênue a potência embutida nelas. O exemplo máximo é o vocábulo “amor”. Casais o proferem com tal frequência que redunda em apatia. Todo final de frase coroado com vários pontos de exclamação. E, muitas vezes, querendo inserir alguma ironia em desentendimentos ligeiros, tornam-se cientes também da eficácia (negativa) nas relações anestesiadas pelo tempo. Engendram isso no piloto automático, esquecendo que ela vem embrulhada pelo sagrado. Somos seres regidos pela linguagem, mas comumente roubamos o seu vigor ao banalizar o significado profundo na emissão de uma frase, um discurso, um diálogo cotidiano.
Desgaste da repetição
As palavras que acabam esvaziadas do próprio valor
O exemplo máximo é o vocábulo “amor”
Gilmar Marcílio
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