Nunca sonhei ser muito rico, bonito ou inteligente. Há um preço alto a se pagar quando nos encontramos em algum extremo. Claro, essas condições são acompanhadas de vantagens, mas perdemos a noção do que leva as pessoas a se aproximarem de nós: mérito pessoal? Interesse alheio? Bom mesmo é ser agraciado com um pouco de cada e ir usufruindo, ao longo da vida, dos presentes resultantes da competência, genética, quiçá do esforço. Quando não da sorte. Além disso, a possibilidade de perder o que nos distingue em demasia dos outros comumente redunda em pesadelo. E o tempo costuma aplainar tudo, tornando sépia o outrora reluzente. Proliferam exemplos de seres ávidos de alterar a geografia da natureza humana, apelando para recursos propensos a nos transformar em verdadeiros aleijões, no corpo e na alma. Compram bens ou companhia, atraindo seus pares com brilho e ouro, como se fosse bom angariar afeto a esse custo. Em outras palavras: ficar na média é uma benção, desabilitando-nos para a inveja e o assombro, afastados de nos comparar aos supostamente mais aquinhoados.
Em paz
Nunca sonhei ser muito rico, bonito ou inteligente...
Em outras palavras: ficar na média é uma benção, desabilitando-nos para a inveja e o assombro, afastados de nos comparar aos supostamente mais aquinhoados
Gilmar Marcílio
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