Carl Sagan, cientista e escritor norte-americano, passou a vida combatendo aquilo que considerava um dos maiores entraves para o desenvolvimento da humanidade: as superstições. Segundo ele, difundir o pensamento mágico, na ânsia por respostas que desprezam os fenômenos naturais e entronizam a crença e a religião como fontes redentoras de todos os males, trava substancialmente o conhecimento. Desde a antiga Grécia, quando os deuses eram vistos como os responsáveis por todos os movimentos da vida, uma constante luta entre a luz e as trevas se estabeleceu. O ideal iluminista bateu de frente com essa tentativa de abandonar a razão, dando sentido a tudo pela invocação de premissas sustentadas empiricamente. Homens e mulheres imbuídos pelo propósito de ampliar a consciência sobre os fenômenos que nos cercam acabaram na fogueira ou foram silenciados através da calúnia. Evoluímos a passos lentos, muitas vezes contentando-nos com modestas vitórias, dando-lhes passagem e sustentação em nosso imaginário. Atualmente, a insistência em difundir teorias como o terraplanismo e os malefícios das vacinas são sinais inequívocos de que, ao menor descuido, podemos retroceder na busca elementar pela verdade, preterindo a lógica e o bom senso.
Superstições
Qual é o propósito da vida, senão o constante aprimoramento?
É preciso, com o máximo de urgência, convidar ao diálogo, promovendo uma amostragem dos benefícios trazidos por tantos questionamentos
Gilmar Marcílio
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