Sou habitado pela certeza do pouco que sei. Recorro a livros de filosofia e faço profundas reflexões para me dar conta do meu real tamanho. Dou dois passos e constato: uma existência inteira não me tornará especialista em nada. Garimpo todo tipo de conteúdo com entusiasmo, mas raramente vou além das noções básicas, sem solapar a ignorância. Em um universo eternamente mutável, descubro: aquilo que orgulhosamente chamo de conhecimento pode se tornar ultrapassado da noite para o dia. Só se me agarrar a precárias crenças e vender aos demais a ideia de ser um expert, quando, na verdade, reconheço-me um aprendiz curioso. Esse, sim, talvez seja um mérito, o de interessar-se renovadamente pelas pessoas e por encontrar algum tipo de entendimento, visando diminuir a sensação de que múltiplas coisas me escapam. Leio como se fosse um lobo faminto em busca de alimento. O desconhecido é rico material, possibilitando avaliar meus estados emocionais. Tento ir mais longe: essa percepção me levará a entender o fato de ser só um ponto de referência, afastado da tentação de julgar os próximos a mim.
Opinião
Gilmar Marcílio: não sei
Dou dois passos e constato: uma existência inteira não me tornará especialista em nada
Gilmar Marcílio
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