Ao longo dos anos fui capaz de domar (relativamente) um traço negativo da minha personalidade: a impaciência. Consigo deixar que o tempo faça seu trabalho, sem tanto interferir. Treino-me para esperar, não fazendo do desejo de antecipação uma característica que me define. Não é fácil, e ao menor descuido posso estar novamente com taquicardia, vivendo adiantado. Porém, confesso meu total fracasso frente a uma situação que tem se tornado cada vez mais corriqueira e, parece, muitos já nem se incomodam mais. Mas eu sim, e como! Remeto-me às pessoas que dialogam comigo interagindo com seu celular. Olhando, postando, digitando. Meu Deus, que aflição! Não sou poupado desse suplício nem quando partilhamos as refeições. O que se passa no seu aparelho tem status de urgência. Sempre, sempre. Cometo meus pecadilhos, confesso. Por não utilizar o whatsApp, falo muito com amigos. Mas antes de atender, quando isso se revela imprescindível, peço desculpas e solicito a permissão de quem está na minha companhia. É o mínimo de bom senso e civilidade. Agora, tentar capturar a atenção de quem não larga desse “fascinante” objeto, é batalha perdida desde o começo.
Opinião
Gilmar Marcílio: meu inimigo
Ao perceber que o interesse sobre o que estou dizendo é menor do que o revelado pela interação em redes sociais, imediatamente me calo
Gilmar Marcílio
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