O Instagram começou a testar uma nova modalidade na exposição de seu conteúdo: os seguidores não poderão mais visualizar o número de curtidas que aparecem no aplicativo. A justificativa é a de que as pessoas ficam aflitas, acompanhando obsessivamente o aumento ou não das mesmas. E comparando com as de amigos e colegas. Deve ser bem difícil mesmo manter-se calmo com essa necessidade de estar o tempo todo fixando sua atenção para medir um suposto sucesso nas redes sociais. Desde que comecei a postar lá frases e fragmentos de textos procuro dosar minha ansiedade. Acho que estou imune a essa compulsão. Claro, é sempre agradável saber que um grande número de interessados nos visitam. Mas, sinceramente, que diferença isso pode fazer? A menos que você seja uma figura de destaque no mundo das artes, do futebol ou do show business - e ganha rios de dinheiro quando seus seguidores aumentam exponencialmente - convenhamos, a vida segue seu ritmo totalmente indiferente a isso.
Gosto da ideia de espalhar entre desconhecidos um pouco do nosso pensamento. Algumas imagens que nos encantam e às quais somente nós temos acesso. É, antes de tudo, um ato de generosidade (mesclado com certo exibicionismo, sem dúvida). Mas não podemos ser intolerantes, pois a web está imiscuída em nossos dias e se constitui num ato de inteligência extrair o que de melhor pode nos proporcionar. Procuro fazer isso com parcimônia, deixando os exageros de lado. Assim, pouco me importarei com quem está alcançando mais “audiência” neste universo volátil. Meus interesses se expandem e atingem múltiplas áreas. Escapo de um padrão de comportamento que leva multidões a sofrer por algo que, convenhamos, tem uma importância pífia. Porém, imagino que para quem elegeu as plataformas digitais como o centro de tudo, deve ser terrivelmente angustiante precisar “medir-se” toda hora com conhecidos e nem tanto. Inclusive, a medicina já se debruça sobre essas questões, pois elas se refletem na vida prática, sobretudo dos adolescentes. Dedicam menos tempo ao estudo e deixam de se relacionar presencialmente. Entregam-se a uma solidão que não é escolha, mas a consequência do desinteresse por tudo que não se refere à virtualidade.
Esse sentimento de inferioridade advindo de um olhar que avalia tudo que nos é alheio não é fenômeno recente, no entanto. A inveja alimenta (negativamente) as relações desde sempre. Em alguns casos ela pode até ser positiva, pois nos impulsiona a ultrapassar limites. Mas, na grande maioria, gera ansiedade e insatisfação. Aja e não olhe para o lado. Talvez essa possa ser uma boa máxima a adotar. Do contrário, nos tornaremos viciados e repetiremos algo nocivo que nos priva de conhecer a serenidade. Não dê tanta importância a quem sequer remotamente faz parte de seus dias. Procure, sim, ombrear-se com quem você admira e tente copiar seu exemplo. Esse impulso o fará andar por territórios reais. Ainda lembra o que essa palavra quer
dizer? Relaxe. Alguém sempre vai ultrapassá-lo ou ficará para trás. Paciência, é uma lei da vida. A melhor medida, ainda e sempre, somos nós próprios.