Tenho repetido para mim, com insistência, estas três palavras. Numa época em que nada parece ser mais revolucionário do que olhar nos olhos da pessoa com quem estamos conversando, pode ser um bom caminho a seguir. O que fazemos nas redes sociais é uma troca de informações. Resisto a chamar isso de comunicação. Até porque o excesso mutila a percepção, não amplia. Então, sempre que posso, marco um encontro, abraço quem está comigo, com plena disponibilidade. Não conheço maneira mais eficaz de estar presente.
A escuta, cada vez mais comprometida num mundo onde tudo é vertiginoso e fugaz, tornou-se quase um ato religioso. É assim que ela deve acontecer: você senta na frente da pessoa e ouve de verdade, sem contrapor à fala alguma situação pessoal. Esqueça o eu. Neste momento existe somente o outro. Agindo assim, respeitamos de verdade quem está ali. Não custa lembrar, nem que seja esporadicamente, que existe algo além dos nossos sentimentos e necessidades. É gratificante colocar-se na pele de alguém que confia em nós e, verdadeiramente, estarmos dispostos a ajudar.
Leia mais:
Francisco Michielin: caiu o outono sobre o mar
Frei Jaime: Lidar com as palavras requer habilidade
Há mais valia se conseguirmos avançar um pouco mais. A capacidade de compreender envolve também paciência, tolerância com tudo o que difere do nosso pensamento. Se você acha que deve dividir tudo em prós e contras, comece a reavaliar essa ideia. É muito mais uma questão de nuance, de entender que todo relato é um convite a aprender um idioma estrangeiro: no começo parece intransponível, mas aos poucos vai se revelando familiar. E aí começamos a perceber o ridículo dos preconceitos. A maioria das coisas são o que são, longe dos modelos que gostamos de categorizar como certo e errado. Pode ser para mim, mas sem a pretensão de transformar nada em lei. É tudo bem mais simples do que imaginamos.
A reflexão atenta é o resultado de nossa vontade em sair do próprio casulo e pensar a realidade por um prisma mais amplo. Ponderar. Despir-se de certezas que nada mais são do que opiniões. Para chegarmos a esse ponto precisamos parar, exorcizando a pressa que tantas vezes nos leva a fazer escolhas erradas. Considerando, sempre, a promessa de que convocaremos a prudência na próxima decisão. Meditar exige esforço, não é tão fácil como parece. Mas vale a pena disciplinar-se, pois os resultados nunca decepcionam.
Tentemos ser fiéis a essa santíssima trindade que exige de nós maturidade e bom senso. Afinal, envelhecer é mais do que empilhar os anos vividos. Quem observa e pondera sempre avança. Mesmo quando parece estar estagnado.