Novidades no mundo da moda. Comemoremos. Leio que a grande estrela dos mais recentes desfiles não é a predominância de uma nova cor, a descoberta de um estilista genial e muito menos de uma top model, que em menos de um mês estampará as capas das principais revistas do gênero. O que tem causado frisson nos experts e, literalmente, ditadores de tendências, é a introdução da tecnologia na nossa indumentária cotidiana. Exemplos: tênis autoamarráveis, cintos que projetam imagens de acordo com as emoções das pessoas que os estão usando, anéis que abrem portas e fazem pagamentos, jaquetas conectadas ao celular e... ufa! São tantas as criações que seria facilmente possível preencher uma página. Tudo isso pode ser resumido numa frase proferida por um crítico: "O chip é o novo paetê." O que pensar disso tudo? A ala mais avant garde exulta. Os conservadores discretos, como eu, olham isso com certo ceticismo. É bom saber aproveitar o que nos é oferecido, mas deixando o freio levemente puxado. O que me parece mais preocupante, nesta história toda, é que estamos terceirizando aquilo que antes fazia parte das nossas "obrigações cotidianas". Substituir as atividades pela simples leitura de um visor não é a atitude mais brilhante. Em breve precisaremos apenas respirar – ou nem mais isso. O resto deixaremos a cargo da inteligência artificial. Viva a inércia!
Opinião
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