No dia 15 de novembro temos um feriado em honra à Proclamação da República, quando o Marechal Deodoro da Fonseca e uma junta de militares e políticos decidiram que todos os males do Brasil vinham justamente de um dos homens mais dignos que nos governou: Dom Pedro II.
Resumindo, o que aconteceu em 1889 foi um golpe de Estado que instaurou a forma de governo republicana presidencialista no Brasil, encerrou a monarquia constitucional parlamentarista do Império e mandou Dom Pedro II para o exílio na França. Ele acabou morrendo apenas dois anos mais tarde em Paris, vitimado por um quadro de pneumonia grave. Há quem diga que o querido Imperador na verdade morreu de desgosto e de saudade do Brasil.
Dom Pedro II foi um homem culto, generoso, que respeitava a ciência e o conhecimento, que vislumbrava um Brasil onde a educação fosse acessível a todos. Ele ganhou o respeito e admiração de notáveis da época como Graham Bell, Charles Darwin, Victor Hugo e Friedrich Nietzsche, e foi amigo do compositor Richard Wagner, do cientista Louis Pasteur e do poeta Henry Wadsworth Longfellow, dentre outros.
Óbvio que um homem desses era um entrave aos planos, às tramoias, aos conluios, à vigarice do Centrão daquela época, ou seja, uma mistura de militares corruptos e gananciosos, políticos ávidos por usufruir das benesses de um Estado controlado por eles além de uma elite iletrada afeita ao jeitinho e ao dinheiro fácil, uma cambada de criminosos e vigaristas que desejavam cometer seus delitos sem serem importunados pela justiça.
Sempre houve coisas estranhas e suspeitas acontecendo nas cercanias dos corredores palacianos desde a fundação dessa tal República Federativa do Brasil. A palavra república, como tantas outras, tem origens na língua latina. Ela deriva do termo res publica, que pode ser traduzido como “coisa pública” ou “bem público”. A expressão “res publica” era usada na Roma Antiga para se referir ao Estado, ao governo e aos assuntos de interesse público. O conceito original estava relacionado à ideia de que os assuntos públicos eram de interesse comum e deveriam ser gerenciados para o benefício de toda a comunidade.
Infelizmente, nossa república parece ter os assuntos públicos gerenciados para o benefício próprio de quem tem a máquina em mãos, com raríssimas exceções. Entra governo, sai governo, quem é “amigo do Rei” pode tudo, inclusive ser omisso, incompetente, desonesto, negligente. Pode até mesmo ter relações muito, mas muito suspeitas com notórios grupos de criminosos cujos representantes são até mesmo recebidos dentro do Ministério da Justiça...
Sinto muito, mas hoje, especificamente, não temos muito o que comemorar enquanto república. Pobre Brasil.